quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Capitulo Sete

Não parecia ser um bom dia para ninguém. Alice notou isso, logo quando saiu de casa. Sua vó estava muito brava, pois a mãe de Ketelyn havia telefonado para lá e dito barbaridades para ela. No onibus o motorista não parecia muito contente, assim como todos os passageiros também não. Bom, talvez fosse apenas o sono tomando conta de todo mundo. Mas algo no ar estava realmente mais pesado aquela manhã.
                                                             
                                                                          * * *

Marjorie se rendeu ao sono nas primeiras aulas, não havia dormido mais depois de despertar do sonho que tivera com George. Precisava urgentemente falar com ele.
No intervalo, uma confusão a aguardava no corredor.

- Muito obrigada por acabar com a minha festa ontem ! - Gritou Victor se aproximando como um touro de Marjorie, que não teve o que fazer além de encostar em uma parede e ficar o observando falar. - Sabia que a policia me deu uma multa ? Todo mundo lá era menor de idade, e tinha bebidas lá ! - havia muito mais do que bebida naquela festa.
- Ops... foi sem querer. - respondeu ela com ironia, e não pode conter um riso ao ver que Victor ficara ainda mais puto de raiva.
- Além de eu te chamar pra minha festa, você ainda faz isso ! Ah, você é uma vadia mesmo !
- Quem te contou que fui eu quem chamou a policia ?
- Não te interessa ! - Com toda certeza aquele cara que veio puxar assunto com ela, que havia contato. Deveria ter ficado com raiva dela por ter lhe trato mau, além disso, ele havia falado alguma coisa sobre ser amigo de Victor. Como era mesmo o nome daquele otário ?
- Então, me deixe passar. - Victor abriu caminho. Era um completo imbecil, mas bater em uma menina estava fora dos planos, afinal de contas ele tinha uma reputação para selar. - Nunca mais apareça na minha casa ! - gritou para finalizar. Marjorie não se importava, outras festas haviam no mundo, e as dele não eram nem de longe as melhores.

Era a ultima aula quando reencontrou o cara da festa. Desviou o olhar rapidamente para que ele não a visse, mas não teve jeito, em segundos ele estava ao lado dela, falando sem parar.

- Eu te liguei ontem, mas você não me atendeu, lembra de mim, né ?
- Como eu poderia esquecer... - a frase saiu muito mais como um lamento, do que como um elogio. - Como conseguiu meu telefone ?
- O Victor me passou. - disse sorrindo. Mas seu sorriso se apagou, logo que percebeu que ela ficara furiosa só de ouvir o nome do outro. Será que eles não se gostavam ? Mas se não se gostavam o que ela estava fazendo na festa dele ontem ? - Você não gosta dele ?
- Olha, eu to com pressa.
- Ah, sim, claro. Posso ir com você até o ponto ?
- Eu to com cara de quem quero papo ? - Será que ele não se tocava ?
- Posso ir em silêncio. - Talvez estivesse incomodando, mas se lembrou do que seu pai lhe dizia sempre "Para conquistar uma mulher é preciso ter paciência e ser insistente".
- Tá né.

Eles caminharam lado a lado, hora outra ela apertava o passo, mas logo diminuía  Foram atravessar uma rua, e Renato percebeu que Marjorie estava um pouco desligada e não viu o carro que dobrava a esquina. Com um movimento rápido ele a puxou para trás a livrando do possível acidente. O carro buzinou. Marje havia perdido toda a cor do rosto e seus lábios tremiam,  ficaram ambos na calçada, se olhando.

- Você tá bem ? - Renato perguntou por fim.
- É, valeu.

Aquilo poderia ser o incio de uma linda história de amor, poderia, mas não iria ser.

                                                                   * * *:
Rick estava sentado no ônibus com seus fones de ouvido, quando uma garota muito estranha entrou, deixando do lado de fora um guri. Se sentou no banco um pouco a sua frente. Ele a observava, e aos poucos ela ia ganhando uma certa beleza. A cada gesto era uma nova descoberta de uma personalidade forte. Rick era muito observador neste aspecto, conhecia alguém apenas pela forma desta pessoa se movimentar.
A garota por exemplo, mexia o tempo todo no cabelo vermelho e cumprido, por tanto ele logo deduziu que apesar de toda a pose ela era insegura. Realmente gostou da forma como ela se vestia, e de sua maquiagem, mesmo sendo ambas muito exageradas. Era expressiva, ele gostava disso.
Lembrou-se vagamente de Katia e de toda a sua aparência comum. Olhando para a menina sem nome, ficou imaginando se ela tinha um namorado, um telefone, quem sabe ? Será que pegava todo dia aquele ônibus ?
Teve que parar de pensar nisso, pois seu ponto havia chegado.
O resto da tarde também não teve tempo de pensar. Ela era apenas umas desconhecida que ele nunca mais iria ver.

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