Aquela tarde Marjorie estava com o humor muito vulnerável. Como uma bomba, ela estava pronta para explodir, e não seria nada bonito quando isso acontecesse. Tinha brigado com George ( seu namorado, embora estivessem juntos há pelo menos dois meses não haviam se visto até então. Ele morava um pouco longe então os dois mantinham um relacionamento virtual.) e os acontecimentos da noite passada estavam a perturbando. 4:00 PM, Alice ligou.
- Marje... - a voz era chorosa
- O que foi ? O que aconteceu ontem ?
- Bom, depois que vocês foram embora a ambulância chegou.
- E como a Ketelyn está ? - sua pergunta pareceu superficial quer dizer, não estava realmente preocupada com a garota, mas sim com Alice.
- Está bem, quero dizer, não muito, mas pelo menos não corre mais perigo. - respondeu confusamente.
- Perigo ?
- É, Ket não tinha me falado que bebeu uns remédios fortes antes de ir pra festa. Lá ela encheu a cara, por isso passou mal. - deu um longo suspiro e continuou num tom desanimado e triste - A mãe dela chegou no hospital quando ela já estava consciente, mas não fez a menor cerimônia e começou a me xingar dos piores nomes possíveis. Por fim disse que não podemos mais nos ver.
- Nossa véi, que foda. Mas não muda muita coisa, quero dizer, desde que vocês começaram a namorar a mãe dela diz isso, antes dua vó também encanava, e mesmo assim vocês continuaram. Sei lá, vocês vão dar um jeito ! - tentou animar.
- É, mas dessa vez é diferente - fez um longo silêncio, até que com uma voz vacilante prosseguiu - Eu quase a matei... - Marje percebeu que a amiga começara a chorar. Ouviu um soluço.
- Ei, para. Não foi sua culpa, Ket que é uma ... - parou, ela sabia como queria terminar aquela frase, estava com raiva da Ket, a verdade era essa. Mas precisava pensar em Alice, ela amava aquela garota, por mais repugnante que fosse. Mudou o tom de voz, e concluiu com serenidade. - Você não tinha como saber.
Alice havia parado de chorar, ou pelo menos estava contendo o choro. A voz ainda era tremula.
- Vou desligar, depois te ligo.
Marje ouviu a linha ser desligada, mas permaneceu com o fone mudo no ouvido. Pensou em telefonar para Carolyn, mas deixou para lá. Se jogou na cama e ficou olhando para o teto, sem a minima expectativa de encontrar em seus pensamentos algo que lhe acalma-se a alma.
* * *
Renato estava deitado em sua cama, sorria de orelha a orelha desde que acordara. Como se a conversa que tivera com Marjorie na noite passada houvesse sido de fato agradável. Bom, pelo menos ele a ajudou com a amiga, e ainda conseguiu arrancar um sorriso e algumas palavras menos hostis dela. "Ela é osso duro" - pensava.
Será que haveria alguma chance de ficar com ela ? O que uma garota como Marjorie poderia querer com ele ? Será que ela tinha um namorado ?
Se lembrou de quando sentou ao lado dela na escada, ao recordar da cara de desprezo que ela fizera uma ponta inevitável de melancolia e desesperança o tomou. Cobriu o rosto com o travesseiro e um leve cheiro de maconha lhe entrou pelo nariz. Sentiu-se enjoado. Correu para a janela e a abriu.
Um vento frio lhe soprou o pescoço. Novamente seus pensamentos foram parar em Marje, uma sensação estranha lhe embrulhou o estomago, seriam borboletas ?
Passou a mão pela testa. Fechou a janela e resolveu ligar para ela, Victor havia lhe passado o número.
* * *
Os devaneios de Marjorie foram interrompidos por um vibre, que em instantes se transformou em uma escandalosa música. Na tela do celular estava escrito "NUMERO DESCONHECIDO". Desligou o aparelho, não estava com ânimo para falar com ninguém aquela hora.
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