- Ele te mandou um beijo.
- Mande-o se fuder.
- AHAHAHHA, desistiu ?
- Apenas cresci.
Talvez essa não seja a melhor forma de começar uma história, a não ser é claro que ela seja baseada em fatos reais. A vida, não é tão bonita assim, então para que usar meias palavras quando podemos rasgar o verbo de uma vez ?
Se a vida fosse um conto de fadas, juro que teria começado esta história com "era uma vez uma princesa muito bela que vivia em um castelo encantado...", agora substitua a princesa por uma garota de 15 anos, com um coração de 60, com o cabelo estranho e a maquiagem borrada, o castelo você substitui por um apartamento apertado, e todo o encanto você substitui pela dureza do dia a dia.
Enfim, no quarto de Marjorie, uma bagunça infinita, parecia que não importava o quanto ela arrumasse, tudo voltava a se bagunçar. "Porque será ? " - ela se perguntava.
Talvez sua mãe tivesse razão e o quarto dela fosse o reflexo de sua alma, seu estado de espirito. Poxa, como ela estava mal.
- Marjorie talvez ele esteja realmente arrependido.
- Torço para que sim, mas não quero mais nada com ele.
Carolyn era diferente de Marjorie.
Era do tipo de garota que acredita nas pessoas, e que leva a vida numa boa. Sabe ? Sem se preocupar tanto assim. Chorava, e sofria, as vezes, mas na maioria do tempo encarava a vida na "vibe" mais positiva que pudesse.
Marjorie não, estava triste o tempo todo. Ria, brincava, era engraçada e tudo mais. Mas quando a noite caia a tristeza entrava batendo o pé dentro dela.
- Sabe o que é a melhor parte Carolyn ?
- O que ?
- Não sinto mais falta dele.
- Jura mesmo ?
- Sim. Depois que conheci o George, deixei de me importar com aquele idiota
- Mas o Ge mora muito longe !
- E dai ?
- Você sabe que esse negócio de namorar a distância não dá certo.
- Ele me faz bem, mesmo estando longe. Você não entenderia.
- Não entendo mesmo, ainda mais tu que sempre é tão racional...
- Não sei lidar com sentimentos, você sabe disso.
Enquanto isso do outro lado da cidade Rick estava tocando seu violão quando uma corda estourou.
- MERDA ! - brandou. Rick era do tipo que atrai qualquer garota, não só pela beleza, que de fato nele não faltava, os olhos com um leve tom esverdeado, eram olhos tristes, verdade, sorte dele que eram quase claros, então ninguém notava sua tristeza, a boca era pequena, e vivia fechada, não era do tipo que falava muito, o cabelo despenteado, as calças sempre rasgadas contribuíam para o charme final, na verdade, ele só era desleixado, nada daquilo era por estilo, era apenas fruto de uma depressão que ele não tinha tempo de tratar.
Procurou pela casa inteira uma corda para substituir a estourada, mas tudo que encontrou além da bagunça foi seu pai bêbado na cozinha.
- Pai ? Pai ? Pai levanta porra !
- O que que você quer moleque ?
- Tu ta desmaiado no chão de novo, levanta dai vai.
Levantou e saiu cambaleando pela casa. Sempre bebeu muito, mas desde a morte da mãe de Rick, passará a beber o dobro. Isso arrasava com o garoto, além de perder a mãe ainda tinha que ver o pai se destruir aos poucos. Ficava realmente puto quando um dos seus amigos reclamava que a mãe era um saco, daria tudo para ter a sua de volta, faria qualquer coisa para a ouvir reclamar do seu cabelo ou das roupas que vestia.
"A vida continua" - ele sempre dizia quando alguém o perguntava como aguentava viver desse jeito. É sempre continuava, como se fosse uma ordem, jamais uma escolha.
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