Ketelyn estava deitada em sua cama de lençóis coloridos, se sentia um pouco fraca e tonta. A mãe tinha saído para ir ao mercado junto com seu pai, e sua irmã mais nova estava na casa de uma amiga. Seu celular tocou, era Alice.
- Oi amor... ã? Você tá ai embaixo ? Tá, já tô descendo.
Colocou uma roupa, amarrou o cabelo e foi lá fora atender a namorada.
- Tá ficando louca de vir aqui ?
- Desculpa, mas viemos te tirar de casa.
- Não posso sair agora !
- Que isso Ketelyn, a gente veio até aqui, na maior força de vontade, não dá pra você pular pra trás agora. - disse Marjorie impaciente. A namorada da amiga lhe deixava com raiva, não gostava nem um pouco dela, se a tolerava era por Alice.
- Está bem, mas para onde vamos ?
- O Victor tá dando uma festa.
- Certo, vou deixar um bilhete falando que fui na casa de uma amiga minha...
Cinco minutos depois ela voltou. Saíram meio que as pressas, como se estivessem raptando Ketelyn de casa, e a qualquer hora fossem ser cercados por viaturas da policia.
- Victor, essa festa tá melhor do que a da semana passada ! - dizia um cara moreno com um baseado nas mãos. As festas na casa do Victor eram todas assim, drogas liberadas, sexo em quase todos os lugares, uma verdadeira bagunça. Pobre da empregada que limpava tudo aquilo depois.
- É, eu também acho... - disse com desdém. Procurava no meio das pessoas que estavam na sala alguém em especial, e esse alguém abriu a porta no mesmo instante. - Carolyn ! Achei que não viria !
- Tivemos que passar na casa da Ket antes. - corou. Será que ele se importava com ela ? Estava mesmo a esperando ? Em sua cabeça já começava a imaginar beijos ardentes, pedidos de namoro e essas coisas.
- Venha, vamos pegar algo para beber. - pegou-a pelo braço, e nem deu atenção para as outras três. Melhor, nenhuma delas tinha muita simpatia por ele. Frequentavam suas festas pois eram divertidas, não pela sua companhia.
- Eu vou circular ver quem encontro por ai... - Disse Marjorie deixando as duas.
A cabeça de Ketelyn rodava, o som estava muito alto, eram muitas pessoas falando. Sentia que iria desmaiar, mas respirou fundo e tentou se controlar.
- Vamos beber alguma coisa. - disse Alice a segurando pela mão e atravessando a multidão de pessoas bêbadas.
Marjorie observava a festa sentada na escada, estava bebendo um copo de vodka, quando alguém sentou ao seu lado. Não fez sequer questão de olhar quem era, preferia ignorar e ver se iria embora de uma vez, mas pelo contrário, o garoto começou a falar timidamente.
- Ah... o-oi...
- E ai.
- Você é a Marjorie, né ?
- Sou.
- Eu sou Renato. Te vejo sempre na escola.
- Aham...
- É...
Ele parou de falar, provavelmente havia entendido que ela não queria papo, só queria ficar ali, bebendo e quando estivesse bêbada quem sabe não se alegrasse. Cinco minutos depois ele volta a falar.
- Você é amiga do Victor ?
- Digamos que converso com ele as vezes.
- Ah, eu acho ele bacana.
- Então vá encher o saco dele. - levantou-se. Tinha sido hostil, sabia disso, mas pouco importava. Saiu pela sala, procurando um outro canto para ficar. O que encontrou foi um cara vomitando num vaso, e algumas meninas se beijando perto da cozinha, nesse instante lembrou de Carolyn, e pensou no erro que provavelmente ela iria cometer.
Ketelyn estava bebendo vodka pura, brincando de virar copos com alguns desconhecidos e Alice. De repente sentiu a cabeça pesar demais, a mente foi ficando lenta e a única coisa que ouviu foi a voz da namorada perguntando se estava tudo bem com ela.
Houve um alvoroço, mas poucas pessoas o notaram.
- Marjorie ! A Ket desmaiou ! - Alice parecia desesperada, gesticulava demais, estava branca e suava frio.
- Vamos tira-la daqui...
Enquanto as duas tentavam erguer a desmaiada (que parecia estar muito mais pesada do que o normal) Renato apareceu novamente e ofereceu ajuda. Pegou a menina no colo e saiu para o quintal da casa.
- Não dá pra levar ela pro hospital, somos menores de idade. - Alertou Marjorie.
- Vamos leva-la pra casa então - Opinou Renato
- Nesse estado ?
Alice não dizia nada, estava tremendo, e a camiseta estava ficando encharcada de tanto suor. Ket lentamente abriu os olhos, estava deitada no chão com a cabeça apoiada no colo de Alice. Virou para o lado e vomitou na bota de coro de Marjorie. Depois continuou vomitando nela mesma.
Marjorie estava completamente irritada, entrou na casa de Victor e foi até o banheiro limpar a bota, queria muito ter dado um chute na boca de Ket.
Saindo do banheiro, com o sapato molhado, porém limpo, viu pela janela Carolyn chorando no quintal sozinha. Foi até lá pensando em que tipo de besteira ela havia feito.
- O que foi ?
- E-eu... E-eu... - e desabou no choro. Marjorie a abraçou e viu varias marcas vermelhas em seu pescoço.
- Você transou com ele né ? - Com um movimento da cabeça ela consentiu.
- E ai ele foi embora, e me deixou no quarto, quando desci ele me tratou como um lixo... - e chorava mais ainda ao ter que repetir os momentos horríveis que passará, toda aquela humilhação.
- Vem, vamos embora daqui.
Ketelyn já havia parado de vomitar, mas ainda parecia muito mal, resolveram chamar a ambulância de uma vez. Marjorie ainda fez questão de chamar a policia e contar sobre as drogas que estavam rolando na casa, fizera isso como que para se vingar pela amiga.
- Vocês podem ir embora, eu fico aqui com ela...
- Tem certeza Lice ?
- Tenho, não quero que de rolo pra vocês.
Saíram de lá, e foram caminhando cansados pela rua escura. Renato assobiava uma canção qualquer que deixava aquela noite um pouco mais agradável.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Capitulo Três
- Marjorie ! - gritou sua mãe da porta do quarto.
- Que ?
- Eu vou sair com um amigo e provavelmente não vou dormir em casa.
- Tem alguma coisa pra comer ?
- Vou deixar um dinheiro, você compra alguma coisa, sei lá.
A mãe de Marjorie parecia uma adolescente. Tinha se casado muito nova, então não aproveitou sua juventude. Depois que se separou do marido resolveu viver tudo de uma vez. Muitas vezes Marjorie sentia que era mais responsável do que a mãe. Ainda mantinha uma relação distante com o pai e preferia assim, não conseguia ama-lo. A relação dos dois era baseada no papel dele de visita-la ou ligar de vez em quando e a obrigação dela de pelo menos fingir que gostava dele.
Já que ia ficar sozinha mesmo ligou o som no máximo, e pegou uma cerveja na geladeira. Claro, sua mãe não era desnaturada a ponto de deixa-la beber e fumar, mas como quase nunca estava em casa, ela fazia essas coisas numa boa.
Da janela da cozinha viu sua mãe entrar em um carro preto... Engraçado, até ontem quem vinha buscar ela era um homem de carro branco. Isso a deprimia.
Colocou um moletom e resolveu ir até a padaria comprar alguma coisa para comer.
Aquela noite estava bem fria e uma chuva rala caia na cidade. Comprou algumas coisas e quando ia voltando para a casa esbarrou em um homem.
- Perdão.
- Tudo bem. - com cara de poucos amigos ele respondeu sem sorrir, muito menos sem olha-la. Mas mesmo assim ela o achou encantador.
No outro dia na escola estava conversando com Carolyn no corredor, quando a amiga se alarmou e fez sinal para que ela olhasse o garoto que vinha se aproximando.
- Você tá brincando que acha o Victor bonito ?
- Bonito ? Ele é incrivel.
- Credo ...
De longe podia-se sentir o perfume de Victor, era algo másculo, ao mesmo tempo tinha um suave adocicado. Para Marjorie aquele perfume era o cúmulo do enjoativo.
- Bom dia moças !
- Bom dia ! - respondeu Carolyn com um sorriso patético.
- E ai Victor.
- O que vocês vão fazer hoje ? - nem esperou que elas respondesse e já foi logo convidando - Vou dar uma festa em casa, estão afim de ir ? - e soltou um olhar sem vergonha para Carolyn, que logo agarrou o braço da amiga e aceitou desesperadamente o convite.
- Claro que vamos !
- Vamos ?
- Sim, Marjorie.
- Ótimo, vejo vocês lá.
Carolyn ainda o seguiu com o olhar até onde pode alcançar. A amiga lhe olhava com cara de desaprovação.
- Você não deveria dar mole pra ele...
- E porque não ?
- Ele é nojento...
- Tipo como ?
A conversa foi interrompida por Alice que chegou completamente nervosa, como sempre.
- O que foi Alice ? - perguntou Carolyn
- Ketelyn a mãe dela não quer deixar ela sair comigo hoje.
- Nossa, que droga.
- É, eu to pensando em ir na casa dela "resgata-la" quem topa ?
- Por mim tudo bem. Uma oito horas a gente se encontra, antes de ir pra festa do Victor. - concordou Marjorie, não era a maior fã da Ketelyn, mas Alice era uma grande amiga sua.
- Vocês vão a festa dele ?
- Ele acabou de nos convidar, e é um gato !
- Credo. hahahahaha. Eu até vou na festa dele porque sempre tem muita bebida, mas na moral ? Não vou muito com a cara dele não.
- Ninguém vai, só a Carolyn que é besta.
Então estava marcado, as oito horas iriam até a casa de Ketelyn e a tiraram de casa...
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Capitulo Dois
- Alice acorda ! - gritou dona Joana da porta do quarto da neta
- Ah, me deixa em paz.
- Você não vai pra escola de novo menina ?
- Não tô afim... - virou para o lado e nem teve tempo de fechar os olhos antes de ter as cobertas arrancadas. - Porra ! Me deixa em paz !
- Você não vai faltar de novo, vamos, levanta logo !
Alice levantou, o sono já havia sumido, mas estava irritada, muito aliás. Vestiu uma camiseta que estava jogada perto da cama, colocou as calças as meias brancas, calçou os tênis surrado e sequer arrumou o cabelo. Foi para a cozinha tomou um copo de leite e comeu um pão fresco. Dona Joana sempre buscava pão na padaria da esquina, "quatro pãezinhos bem branquinhos" - pedia sempre a atendente. Jojô, como o falecido marido a chamava, era uma mulher doce, porém as rugas e a amargura tomaram conta dela depois da morte de seu Eugênio, que alias era um homem muito bom, deu o melhor que pode para a mulher e a filha, trabalho duro, derramou muito suor, sempre levou uma vida saudável caminhava todos os finais de tarde, e morreu coitado atropelado por um carro enquanto corria na avenida.
Enquanto comia o pão começou a tossir.
- Está doente ?
- Não, estou bem. - realmente não estava gripada, nem resfriada, a tosse que não parava era decorrente dos dois maços de cigarro diários que ela estava fumando. Fumava desde os onze anos de idade, começou por mera brincadeira. Uma vez mexia na bolsa da mãe que estava jogada em cima da cama, encontrou uma carteira de cigarros, não sabia nem como acende-lo, mas o acendeu como que por instinto, o gosto que lhe veio a boca parecia um daqueles remédios ruins que vovó lhe dava quando estava resfriada. Mamãe nunca lhe deu nada, nem carinho, nem atenção, muito menos remédios. Sequer sabia quando ela estava doente. Depois daquela vez que fumou, sem tragar, outras vezes repetiu isso. Foi pegando gosto pela coisa. Aqueles momentos em que colocava o cigarro na boca era como se sentir parte da vida da mãe, se sentia perto dela. Foi aprender a fumar com treze anos, quando uma garota do colegial a vendo apenas soltar fumaça a ensinou o que realmente deveria fazer. Depois disso nunca mais parou de fumar. Sua avó não sabia desse vicio que ela escondia, até porque para a vó já era demais saber a opção sexual da neta.
Amava a vó, era a única que tinha, além de Ketelyn.
Ketelyn era sua namorada, estavam juntas há quase dois anos. O começo foi muito conturbado, principalmente quando dona Joana descobriu. As duas estavam trocando caricias no quarto quando a vó de Alice entrou sem aviso prévio. Imaginem uma senhora de sessenta anos, totalmente tradicional e reservada ver uma cena destas... Proibiu, sem sucesso, a neta de ver a garota. Mas com o tempo, a poeira foi abaixando e ninguém tocou no assunto. Jojô via os presentes, as fotos e tudo mais, mas agia como se as duas fossem apenas amigas.
Alice pegou a mochila se despediu da avó e saiu. Na esquina de casa acendeu um cigarro.
- Até mais tarde pai. - disse Victor descendo do carro. Ia caminhando pelo pátio quando esbarrou em uma garota de cabelos vermelhos todo bagunçado. - Me desculpe.
- Relaxa, não foi nada.
Era uma garota bonita, apenas muito desleixada, não gostava de garotas assim. Perto do seu bebedouro encontrou com Renato.
Renato era um cara magrelo, sem grandes atrativos, covarde, tímido, e por ser assim sofria varias chateações dos colegas. Victor não zombava dele, mas tirava vantagem da situação sempre que precisava tirar nota em algum trabalho, não que Renato fosse genial, mas era bom ter alguém para fazer os trabalhos por ele.
- Renato, e ai cara ?
- Ah, oi.
- Você fez aquele trabalho que te pedi ?
- Sim, está aqui.
- Valeu.
Victor pegou o trabalho e já ia saindo quando foi chamado de volta.
- Viu, sabe aquela garota que você estava conversando ontem na educação física ?
- Sim, o que tem ?
- Ela tem namorado ?
- Tá querendo sair com ela ? Ah, moleque, sabia que você não era tão zé ruela assim, vou te passar o telefone dela, manda umas mensagens, troca uma ideia, essas coisas.
Renato anotou o telefone num canto de uma folha no caderno. Estava confuso, já tinha saído com algumas garotas, mas aquela parecia ser diferente. Com certeza era bem mais experiente do que ele. Será que seria uma boa ideia arriscar ?
Foi para casa chutando as pedras que encontrava no caminho.
- Ah, me deixa em paz.
- Você não vai pra escola de novo menina ?
- Não tô afim... - virou para o lado e nem teve tempo de fechar os olhos antes de ter as cobertas arrancadas. - Porra ! Me deixa em paz !
- Você não vai faltar de novo, vamos, levanta logo !
Alice levantou, o sono já havia sumido, mas estava irritada, muito aliás. Vestiu uma camiseta que estava jogada perto da cama, colocou as calças as meias brancas, calçou os tênis surrado e sequer arrumou o cabelo. Foi para a cozinha tomou um copo de leite e comeu um pão fresco. Dona Joana sempre buscava pão na padaria da esquina, "quatro pãezinhos bem branquinhos" - pedia sempre a atendente. Jojô, como o falecido marido a chamava, era uma mulher doce, porém as rugas e a amargura tomaram conta dela depois da morte de seu Eugênio, que alias era um homem muito bom, deu o melhor que pode para a mulher e a filha, trabalho duro, derramou muito suor, sempre levou uma vida saudável caminhava todos os finais de tarde, e morreu coitado atropelado por um carro enquanto corria na avenida.
Enquanto comia o pão começou a tossir.
- Está doente ?
- Não, estou bem. - realmente não estava gripada, nem resfriada, a tosse que não parava era decorrente dos dois maços de cigarro diários que ela estava fumando. Fumava desde os onze anos de idade, começou por mera brincadeira. Uma vez mexia na bolsa da mãe que estava jogada em cima da cama, encontrou uma carteira de cigarros, não sabia nem como acende-lo, mas o acendeu como que por instinto, o gosto que lhe veio a boca parecia um daqueles remédios ruins que vovó lhe dava quando estava resfriada. Mamãe nunca lhe deu nada, nem carinho, nem atenção, muito menos remédios. Sequer sabia quando ela estava doente. Depois daquela vez que fumou, sem tragar, outras vezes repetiu isso. Foi pegando gosto pela coisa. Aqueles momentos em que colocava o cigarro na boca era como se sentir parte da vida da mãe, se sentia perto dela. Foi aprender a fumar com treze anos, quando uma garota do colegial a vendo apenas soltar fumaça a ensinou o que realmente deveria fazer. Depois disso nunca mais parou de fumar. Sua avó não sabia desse vicio que ela escondia, até porque para a vó já era demais saber a opção sexual da neta.
Amava a vó, era a única que tinha, além de Ketelyn.
Ketelyn era sua namorada, estavam juntas há quase dois anos. O começo foi muito conturbado, principalmente quando dona Joana descobriu. As duas estavam trocando caricias no quarto quando a vó de Alice entrou sem aviso prévio. Imaginem uma senhora de sessenta anos, totalmente tradicional e reservada ver uma cena destas... Proibiu, sem sucesso, a neta de ver a garota. Mas com o tempo, a poeira foi abaixando e ninguém tocou no assunto. Jojô via os presentes, as fotos e tudo mais, mas agia como se as duas fossem apenas amigas.
Alice pegou a mochila se despediu da avó e saiu. Na esquina de casa acendeu um cigarro.
- Até mais tarde pai. - disse Victor descendo do carro. Ia caminhando pelo pátio quando esbarrou em uma garota de cabelos vermelhos todo bagunçado. - Me desculpe.
- Relaxa, não foi nada.
Era uma garota bonita, apenas muito desleixada, não gostava de garotas assim. Perto do seu bebedouro encontrou com Renato.
Renato era um cara magrelo, sem grandes atrativos, covarde, tímido, e por ser assim sofria varias chateações dos colegas. Victor não zombava dele, mas tirava vantagem da situação sempre que precisava tirar nota em algum trabalho, não que Renato fosse genial, mas era bom ter alguém para fazer os trabalhos por ele.
- Renato, e ai cara ?
- Ah, oi.
- Você fez aquele trabalho que te pedi ?
- Sim, está aqui.
- Valeu.
Victor pegou o trabalho e já ia saindo quando foi chamado de volta.
- Viu, sabe aquela garota que você estava conversando ontem na educação física ?
- Sim, o que tem ?
- Ela tem namorado ?
- Tá querendo sair com ela ? Ah, moleque, sabia que você não era tão zé ruela assim, vou te passar o telefone dela, manda umas mensagens, troca uma ideia, essas coisas.
Renato anotou o telefone num canto de uma folha no caderno. Estava confuso, já tinha saído com algumas garotas, mas aquela parecia ser diferente. Com certeza era bem mais experiente do que ele. Será que seria uma boa ideia arriscar ?
Foi para casa chutando as pedras que encontrava no caminho.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Capitulo Um
- Ele te mandou um beijo.
- Mande-o se fuder.
- AHAHAHHA, desistiu ?
- Apenas cresci.
Talvez essa não seja a melhor forma de começar uma história, a não ser é claro que ela seja baseada em fatos reais. A vida, não é tão bonita assim, então para que usar meias palavras quando podemos rasgar o verbo de uma vez ?
Se a vida fosse um conto de fadas, juro que teria começado esta história com "era uma vez uma princesa muito bela que vivia em um castelo encantado...", agora substitua a princesa por uma garota de 15 anos, com um coração de 60, com o cabelo estranho e a maquiagem borrada, o castelo você substitui por um apartamento apertado, e todo o encanto você substitui pela dureza do dia a dia.
Enfim, no quarto de Marjorie, uma bagunça infinita, parecia que não importava o quanto ela arrumasse, tudo voltava a se bagunçar. "Porque será ? " - ela se perguntava.
Talvez sua mãe tivesse razão e o quarto dela fosse o reflexo de sua alma, seu estado de espirito. Poxa, como ela estava mal.
- Marjorie talvez ele esteja realmente arrependido.
- Torço para que sim, mas não quero mais nada com ele.
Carolyn era diferente de Marjorie.
Era do tipo de garota que acredita nas pessoas, e que leva a vida numa boa. Sabe ? Sem se preocupar tanto assim. Chorava, e sofria, as vezes, mas na maioria do tempo encarava a vida na "vibe" mais positiva que pudesse.
Marjorie não, estava triste o tempo todo. Ria, brincava, era engraçada e tudo mais. Mas quando a noite caia a tristeza entrava batendo o pé dentro dela.
- Sabe o que é a melhor parte Carolyn ?
- O que ?
- Não sinto mais falta dele.
- Jura mesmo ?
- Sim. Depois que conheci o George, deixei de me importar com aquele idiota
- Mas o Ge mora muito longe !
- E dai ?
- Você sabe que esse negócio de namorar a distância não dá certo.
- Ele me faz bem, mesmo estando longe. Você não entenderia.
- Não entendo mesmo, ainda mais tu que sempre é tão racional...
- Não sei lidar com sentimentos, você sabe disso.
Enquanto isso do outro lado da cidade Rick estava tocando seu violão quando uma corda estourou.
- MERDA ! - brandou. Rick era do tipo que atrai qualquer garota, não só pela beleza, que de fato nele não faltava, os olhos com um leve tom esverdeado, eram olhos tristes, verdade, sorte dele que eram quase claros, então ninguém notava sua tristeza, a boca era pequena, e vivia fechada, não era do tipo que falava muito, o cabelo despenteado, as calças sempre rasgadas contribuíam para o charme final, na verdade, ele só era desleixado, nada daquilo era por estilo, era apenas fruto de uma depressão que ele não tinha tempo de tratar.
Procurou pela casa inteira uma corda para substituir a estourada, mas tudo que encontrou além da bagunça foi seu pai bêbado na cozinha.
- Pai ? Pai ? Pai levanta porra !
- O que que você quer moleque ?
- Tu ta desmaiado no chão de novo, levanta dai vai.
Levantou e saiu cambaleando pela casa. Sempre bebeu muito, mas desde a morte da mãe de Rick, passará a beber o dobro. Isso arrasava com o garoto, além de perder a mãe ainda tinha que ver o pai se destruir aos poucos. Ficava realmente puto quando um dos seus amigos reclamava que a mãe era um saco, daria tudo para ter a sua de volta, faria qualquer coisa para a ouvir reclamar do seu cabelo ou das roupas que vestia.
"A vida continua" - ele sempre dizia quando alguém o perguntava como aguentava viver desse jeito. É sempre continuava, como se fosse uma ordem, jamais uma escolha.
- Mande-o se fuder.
- AHAHAHHA, desistiu ?
- Apenas cresci.
Talvez essa não seja a melhor forma de começar uma história, a não ser é claro que ela seja baseada em fatos reais. A vida, não é tão bonita assim, então para que usar meias palavras quando podemos rasgar o verbo de uma vez ?
Se a vida fosse um conto de fadas, juro que teria começado esta história com "era uma vez uma princesa muito bela que vivia em um castelo encantado...", agora substitua a princesa por uma garota de 15 anos, com um coração de 60, com o cabelo estranho e a maquiagem borrada, o castelo você substitui por um apartamento apertado, e todo o encanto você substitui pela dureza do dia a dia.
Enfim, no quarto de Marjorie, uma bagunça infinita, parecia que não importava o quanto ela arrumasse, tudo voltava a se bagunçar. "Porque será ? " - ela se perguntava.
Talvez sua mãe tivesse razão e o quarto dela fosse o reflexo de sua alma, seu estado de espirito. Poxa, como ela estava mal.
- Marjorie talvez ele esteja realmente arrependido.
- Torço para que sim, mas não quero mais nada com ele.
Carolyn era diferente de Marjorie.
Era do tipo de garota que acredita nas pessoas, e que leva a vida numa boa. Sabe ? Sem se preocupar tanto assim. Chorava, e sofria, as vezes, mas na maioria do tempo encarava a vida na "vibe" mais positiva que pudesse.
Marjorie não, estava triste o tempo todo. Ria, brincava, era engraçada e tudo mais. Mas quando a noite caia a tristeza entrava batendo o pé dentro dela.
- Sabe o que é a melhor parte Carolyn ?
- O que ?
- Não sinto mais falta dele.
- Jura mesmo ?
- Sim. Depois que conheci o George, deixei de me importar com aquele idiota
- Mas o Ge mora muito longe !
- E dai ?
- Você sabe que esse negócio de namorar a distância não dá certo.
- Ele me faz bem, mesmo estando longe. Você não entenderia.
- Não entendo mesmo, ainda mais tu que sempre é tão racional...
- Não sei lidar com sentimentos, você sabe disso.
Enquanto isso do outro lado da cidade Rick estava tocando seu violão quando uma corda estourou.
- MERDA ! - brandou. Rick era do tipo que atrai qualquer garota, não só pela beleza, que de fato nele não faltava, os olhos com um leve tom esverdeado, eram olhos tristes, verdade, sorte dele que eram quase claros, então ninguém notava sua tristeza, a boca era pequena, e vivia fechada, não era do tipo que falava muito, o cabelo despenteado, as calças sempre rasgadas contribuíam para o charme final, na verdade, ele só era desleixado, nada daquilo era por estilo, era apenas fruto de uma depressão que ele não tinha tempo de tratar.
Procurou pela casa inteira uma corda para substituir a estourada, mas tudo que encontrou além da bagunça foi seu pai bêbado na cozinha.
- Pai ? Pai ? Pai levanta porra !
- O que que você quer moleque ?
- Tu ta desmaiado no chão de novo, levanta dai vai.
Levantou e saiu cambaleando pela casa. Sempre bebeu muito, mas desde a morte da mãe de Rick, passará a beber o dobro. Isso arrasava com o garoto, além de perder a mãe ainda tinha que ver o pai se destruir aos poucos. Ficava realmente puto quando um dos seus amigos reclamava que a mãe era um saco, daria tudo para ter a sua de volta, faria qualquer coisa para a ouvir reclamar do seu cabelo ou das roupas que vestia.
"A vida continua" - ele sempre dizia quando alguém o perguntava como aguentava viver desse jeito. É sempre continuava, como se fosse uma ordem, jamais uma escolha.
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