No dia seguinte, Alice já estava em casa, mas ainda falava pouco.
Marje, telefonou para a casa de Ketelyn, tinha em mente um plano quase ridiculo, que só daria certo em um filme, ou algo assim. Contaria sobre a tentativa de suicídio para a mãe de Ket e esperaria que assim a ela permitisse o namoro das duas e todos ficariam felizes para sempre. Bom, na vida real, ninguém sequer atendeu o telefone.
* * *
Rick estava relaxando com seu violão, era sexta-feira, e ele não iria para aquele inferno de trabalho no final de semana. Ouviu batidas fracas na porta do quarto, era seu pai, gritou para que entrassem. Devagar a porta foi se abrindo, e a imagem de um homem acabado e derrotado surgiu. Seu Dirceu, era um homem respeitado antes da morte de sua esposa Sabrina. Trabalhador. Rick preferia lembrar do pai com a imagem que ele via com sete anos de idade. O herói, o protetor.
Agora Seu Dirceu era conhecido por arrumar confusões nos bares. O filho apenas temia que qualquer dia o pai caísse na sarjeta e por lá ficasse. Naquele final de tarde seu pai estava sóbrio, o que era raro de se ver.
- Filho, preciso conversar com você.
- Senta ai pai. - Apesar de Seu Dirceu não ser mais nem metade do homem que já havia sido, Rick ainda lhe devia respeito. O homem que aparentava ser bem mais velho do que realmente era, sentou-se na cama ao lado do filho. E com as mãos ásperas bagunçou o cabelo dele, como fazia quando Rick tinha apenas seis anos.
- Você tem trabalhado muito ...
- É, mas eu preciso, tenho que manter a casa...
- Rick, escute seu pai, você tem 20 anos, mas está agindo como se tivesse 40. Eu sou um velho, maltrapilho... Não se preocupe comigo, mas com você e sua juventude.
- Pai ...
- Me escute, eu tenho razão. Até hoje você não veio me apresentar uma namorada sua, e sei que devem ter muitas garotas te querendo, porque tu é bonitão, como eu fui na sua idade. Pare de se esconder da vida atrás desse seu emprego, e vá curtir.
Seu Dirceu levantou e saiu do quarto, mas não foi para rua, beber, nem nada disso. Sentou-se no sofá com uma bacia de pipoca.
Rick ao ver a cena sorriu emocionado, não sabia se aquilo era só por aquela noite, mas que se dane, o amanhã poderia nem existir.
* * *
Victor e Renato conversavam pelo MSN.
"Então cara, já tá tudo certo pra festa, aquele cara, tal de Rick vai tocar e tals."
"Daora mano, ele é bom ? "
"Sei lá, uns amigos meus que me falaram dele. Parece que é até daora o som que ele tira. Mas foda-se vai tá todo mundo muito loko msm."
" Pode crer.. Chamei a Marjorie. "
"Vish e ela vai ?"
" Não sei, disse que ia pensar."
"Hm. Ah, nem te contei, comi a amiga dela ontem."
"Qual ? "
" Carolyn... HAHAHAH' ela vai na festa também, mas ai você fica com ela, porque vai colar umas minas gostosas na festa e nem quero que tenha uma no meu pé, né. "
"Não vou ficar com ela, quero ficar com a Marje."
"A véi, não tem tu vai tu mesmo... Enfim, é amanhã em, vamos colar lá a tarde pra levar as bebidas. Flw."
"VICTOR SE DESCONECTOU."
Renato ficou com um pouco de pena de Carolyn, parecia ser uma garota esperta, mas não o suficiente para não cair nos jogos de Victor.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Capitulo Treze
Marjorie saiu apresada de casa, quando recebeu a ligação desesperada de Dona Joana. Já era tarde da noite, mas sua amiga acabara de tentar um suicídio. Parecia que as coisas iam de mal a pior.
Chegou no hospital com as pernas tremulas, por mais que avó da amiga já tivesse informado que ela estava fora de perigo. Carolyn não estava lá ainda, o que era estranho, pois saindo de casa havia telefonado para ela.
Passou rápido pela recepção. Dona Joana estava sentada em um banco próximo a porta do quarto da neta, observando em um silêncio quase fúnebre.
- Ela está dormindo ? Está Bem ? Eu posso vê-la ? - Perguntou. Estava tão assustada que esqueceu completamente das formalidades.
- Ela está bem, antes de você entrar para vê-la, sabe me dizer o porque ela tentaria se matar ?
Marjorie refletiu um pouco, o motivo estava na ponta de sua língua, mas não sabia se valia a pena dizer. Negou com a cabeça, mas gritava que sim com o olhar, para não dar bandeira, encarou o chão.
- Está bem. Alice não quis me contar o motivo também, quando perguntei ela começou a chorar. Por isso deixei-a em paz... Se a miserável da mãe dela prestasse pelo menos pra vir vê-la... - Disse com rancor. Parecia que odiava a própria filha. Não, mães não odeiam os filhos, apenas se decepcionam com eles.
Marjorie conhecia Alice a pouco mais de um ano, e até então, nunca havia perguntado do paradeiro de sua mãe. Talvez, aquela não fosse a melhor hora para pensar nisso.
Marjorie entrou no quarto com cautela, não sabia em que estados de nervos da a amiga se encontrava. Mediu bem as palavras que iria dizer, pensou em discursos enormes, mas só o que conseguiu pronunciar foi:
- Tu me assustou.
A garota não respondeu, mas abriu os olhos e a encarou. Parecia envergonhada pelo que fez, ao mesmo tempo parecia triste por estar salva. Os canos de borracha já haviam sido tirados, ela estava apenas em observação. Mesmo assim o nariz ainda sangrava por causa da lavagem estomacal.
- Posso fazer só uma pergunta ? ... Foi por causa da Kety ?
Não houve resposta. O silêncio no quarto se amplificou.
Duas horas depois, Alice ainda não havia dito uma palavra s, e Marje já havia saído para fumar umas dez vezes. E até agora, nenhum sinal de Carolyn.
Chegou no hospital com as pernas tremulas, por mais que avó da amiga já tivesse informado que ela estava fora de perigo. Carolyn não estava lá ainda, o que era estranho, pois saindo de casa havia telefonado para ela.
Passou rápido pela recepção. Dona Joana estava sentada em um banco próximo a porta do quarto da neta, observando em um silêncio quase fúnebre.
- Ela está dormindo ? Está Bem ? Eu posso vê-la ? - Perguntou. Estava tão assustada que esqueceu completamente das formalidades.
- Ela está bem, antes de você entrar para vê-la, sabe me dizer o porque ela tentaria se matar ?
Marjorie refletiu um pouco, o motivo estava na ponta de sua língua, mas não sabia se valia a pena dizer. Negou com a cabeça, mas gritava que sim com o olhar, para não dar bandeira, encarou o chão.
- Está bem. Alice não quis me contar o motivo também, quando perguntei ela começou a chorar. Por isso deixei-a em paz... Se a miserável da mãe dela prestasse pelo menos pra vir vê-la... - Disse com rancor. Parecia que odiava a própria filha. Não, mães não odeiam os filhos, apenas se decepcionam com eles.
Marjorie conhecia Alice a pouco mais de um ano, e até então, nunca havia perguntado do paradeiro de sua mãe. Talvez, aquela não fosse a melhor hora para pensar nisso.
Marjorie entrou no quarto com cautela, não sabia em que estados de nervos da a amiga se encontrava. Mediu bem as palavras que iria dizer, pensou em discursos enormes, mas só o que conseguiu pronunciar foi:
- Tu me assustou.
A garota não respondeu, mas abriu os olhos e a encarou. Parecia envergonhada pelo que fez, ao mesmo tempo parecia triste por estar salva. Os canos de borracha já haviam sido tirados, ela estava apenas em observação. Mesmo assim o nariz ainda sangrava por causa da lavagem estomacal.
- Posso fazer só uma pergunta ? ... Foi por causa da Kety ?
Não houve resposta. O silêncio no quarto se amplificou.
Duas horas depois, Alice ainda não havia dito uma palavra s, e Marje já havia saído para fumar umas dez vezes. E até agora, nenhum sinal de Carolyn.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Capitulo Doze
Majorie estava um pouco irritada, logo que desceu do ônibus mas conforme passaram-se as horas do dia se esqueceu completamente daquele cara mal humorado, porém, muito atraente.
Estava deitada na cama com o celular na mão quando recebeu uma mensagem de Carolyn.
" Oww, o Victor me ligou e me convidou pra colar numa festa esse fds"
Droga, com certeza ela iria ir. Será que não via que Victor era um idiota ?
De qualquer jeito, Marje não iria ir nessa festa pela amiga, nem pensar ! Se ela quisesse se ferrar que fosse sozinha.
"Hmm, e tu tá querendo ir ? " - perguntou, a mensagem com a resposta demorou um pouco para chegar, para Marje a resposta era obvia, mas precisava perguntar antes de fazer um barraco.
"Não sei, acho que vai ser daora. Vai rolar uma festa na chácara do Renato, lembra dele ? Então, parece que vai dar mó galera ! "
Renato ? Agora sim essa ideia de ir para festa lhe parecia ainda mais ridícula.
"Não sei se é uma boa ideia tu ir nesta festa, depois do que o Victor te fez ... "
" Eu sei que parece meio ridículo, mas é só uma festa não vou ficar com o V. "
Marjorie parou de responder a amiga, pois viu uma atualização de George no facebook.
"Alterou o status para namorando"
Ela respirou fundo, mas as lágrimas já tinham começado a rolar por seus olhos, borrando toda a maquiagem.
* * *
- Carolyn, seu pai e eu vamos sair. - avisou a Sra. Laura da porta do quarto da filha. Ela e o marido eram o que pode se chamar de casal perfeito e animado.
- Tudo bem mãe.
Depois que ouviu o carro sair, Carolyn se levantou da cama e pós-se em frente ao espelho. Passou uma sombra colorida nos olhos, penteou o cabelo e o amarrou em um alto rabo de cavalo.
Meia hora depois a campainha tocou.
A garota correu, estava ansiosa. Chegou a porta da frente e observou pelo pequeno olho mágico; Era ele ! Enxugou as mãos úmidas no vestido leve, e abriu a porta com um sorriso largo. Ele lhe beijou os lábios e esperou o convite para entrar. Carolyn estava com as pernas um pouco moles, e um tipo de calor estranho havia tomado conta do seu corpo.
O convidou para entrar e foram para o seu quarto. Parecia que a voz de Marje ficava vagando pela cabeça dela, mas quando as palavras da amiga iam se encaixando em sua memória, Victor puxava seu corpo contra o dele e pronto, esquecia todos os conselhos.
* * *
- Alice ? - Chamou Dona Joana. A neta estava debruçada sobre a escrivaninha e haviam alguns frascos e alguns remédios sobre a mesa. Jojo entrou em desespero, será que sua pequena Alice estava tentando se matar ? Oh céus, o que ela havia feito para merecer isso ?
Chamou uma ambulância. Dentro de alguns minutos, enfermeiros vestidos de um branco, que não trazia paz, carregavam sua neta para dentro daquele carro frio.
Alice abriu os olhos devagar, e demorou um pouco até entender onde estava e porque estava ali. Olhou para o lado, em uma poltrona, sua avó rezava um terço baixinho. Alice balbuciou qualquer palavra, mas sentiu uma dor aguda no nariz e na garganta, estava entubada. Um líquido negro escorria por aquele cano que entrava por seu nariz. Alguém havia a salvado de seu suicídio. A vó lhe ouviu resmungar. Largou o terço e gritou pelos médicos. Não havia mais perigo.
Estava deitada na cama com o celular na mão quando recebeu uma mensagem de Carolyn.
" Oww, o Victor me ligou e me convidou pra colar numa festa esse fds"
Droga, com certeza ela iria ir. Será que não via que Victor era um idiota ?
De qualquer jeito, Marje não iria ir nessa festa pela amiga, nem pensar ! Se ela quisesse se ferrar que fosse sozinha.
"Hmm, e tu tá querendo ir ? " - perguntou, a mensagem com a resposta demorou um pouco para chegar, para Marje a resposta era obvia, mas precisava perguntar antes de fazer um barraco.
"Não sei, acho que vai ser daora. Vai rolar uma festa na chácara do Renato, lembra dele ? Então, parece que vai dar mó galera ! "
Renato ? Agora sim essa ideia de ir para festa lhe parecia ainda mais ridícula.
"Não sei se é uma boa ideia tu ir nesta festa, depois do que o Victor te fez ... "
" Eu sei que parece meio ridículo, mas é só uma festa não vou ficar com o V. "
Marjorie parou de responder a amiga, pois viu uma atualização de George no facebook.
"Alterou o status para namorando"
Ela respirou fundo, mas as lágrimas já tinham começado a rolar por seus olhos, borrando toda a maquiagem.
* * *
- Carolyn, seu pai e eu vamos sair. - avisou a Sra. Laura da porta do quarto da filha. Ela e o marido eram o que pode se chamar de casal perfeito e animado.
- Tudo bem mãe.
Depois que ouviu o carro sair, Carolyn se levantou da cama e pós-se em frente ao espelho. Passou uma sombra colorida nos olhos, penteou o cabelo e o amarrou em um alto rabo de cavalo.
Meia hora depois a campainha tocou.
A garota correu, estava ansiosa. Chegou a porta da frente e observou pelo pequeno olho mágico; Era ele ! Enxugou as mãos úmidas no vestido leve, e abriu a porta com um sorriso largo. Ele lhe beijou os lábios e esperou o convite para entrar. Carolyn estava com as pernas um pouco moles, e um tipo de calor estranho havia tomado conta do seu corpo.
O convidou para entrar e foram para o seu quarto. Parecia que a voz de Marje ficava vagando pela cabeça dela, mas quando as palavras da amiga iam se encaixando em sua memória, Victor puxava seu corpo contra o dele e pronto, esquecia todos os conselhos.
* * *
- Alice ? - Chamou Dona Joana. A neta estava debruçada sobre a escrivaninha e haviam alguns frascos e alguns remédios sobre a mesa. Jojo entrou em desespero, será que sua pequena Alice estava tentando se matar ? Oh céus, o que ela havia feito para merecer isso ?
Chamou uma ambulância. Dentro de alguns minutos, enfermeiros vestidos de um branco, que não trazia paz, carregavam sua neta para dentro daquele carro frio.
Alice abriu os olhos devagar, e demorou um pouco até entender onde estava e porque estava ali. Olhou para o lado, em uma poltrona, sua avó rezava um terço baixinho. Alice balbuciou qualquer palavra, mas sentiu uma dor aguda no nariz e na garganta, estava entubada. Um líquido negro escorria por aquele cano que entrava por seu nariz. Alguém havia a salvado de seu suicídio. A vó lhe ouviu resmungar. Largou o terço e gritou pelos médicos. Não havia mais perigo.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Capitulo Onze
- Oi, pode conversar ?
"Puta que pariu, esse cara é um chato mesmo."
- Claro, senta ai.
- Olha Marje, eu sei que você nem me conhece, mas queria saber se você não tá afim de ir na minha festa no final de semana...
"Festa ? Desse cara ? Certeza que vai ser um saco"
- Ah, não sei, tenho que ver...
- Vai ser numa chácara, perto de um lago, vai dar mó galera.
- Como é seu nome mesmo ?
"Daora, ela nem lembra do meu nome..."
- Renato.
- Ah, é. Então, eu vou ver, qualquer coisa eu colo por lá. Agora tenho que ir.
Marjorie não tinha a menor pretensão de ir a tal festa, até porque, sequer havia pedido o endereço. Em passos largos foi para o ponto de ônibus, não queria dar trela para aquela conversa. A ultima coisa que ela queria era que ele pensasse que podiam ser amigos.
* * *
Rick estava muito pensativo depois do encontro que tivera com Alice. Talvez a velha amiga, estivesse realmente certa, existia mais na vida do que trabalho. Enquanto pensava nisso sentiu que alguém se sentara ao seu lado no banco do ônibus. Um perfume forte, lhe entrou pelo nariz, e um cumprido fio de cabelo, vermelho fogo, caiu sobre sua calça surrada.
Olhou para o lado e teve a sensação de já ter visto aquele jeito agressivo de se vestir, e aquela insegurança nas mãos. A moça deve ter notado que estava sendo observada, pois virou o rosto e olhou para ele com ar de interrogação. Sim, ele já havia lhe visto, seria impossível esquecer aquela maquiagem carregada. Nem toda aquela sombra preta no olho conseguia disfarçar o pedido de socorro que se dilatava com a pupila. Aquele cheiro que vinha dela, era muito forte, ele começou a se sentir enjoado. Não queria puxar assunto, ela tinha cara de poucos amigos, e bom, ele também não era do tipo de pessoa que conversa com qualquer um. Olhou para a janela.
- HEY ! MEU TÊNIS ! - A estranha garota gritou com raiva. Um cara havia pisado em seu pé, alias ele nem deu importância, deu de ombro e desceu do ônibus. - Filho da puta.
"Puta que pariu, esse cara é um chato mesmo."
- Claro, senta ai.
- Olha Marje, eu sei que você nem me conhece, mas queria saber se você não tá afim de ir na minha festa no final de semana...
"Festa ? Desse cara ? Certeza que vai ser um saco"
- Ah, não sei, tenho que ver...
- Vai ser numa chácara, perto de um lago, vai dar mó galera.
- Como é seu nome mesmo ?
"Daora, ela nem lembra do meu nome..."
- Renato.
- Ah, é. Então, eu vou ver, qualquer coisa eu colo por lá. Agora tenho que ir.
Marjorie não tinha a menor pretensão de ir a tal festa, até porque, sequer havia pedido o endereço. Em passos largos foi para o ponto de ônibus, não queria dar trela para aquela conversa. A ultima coisa que ela queria era que ele pensasse que podiam ser amigos.
* * *
Rick estava muito pensativo depois do encontro que tivera com Alice. Talvez a velha amiga, estivesse realmente certa, existia mais na vida do que trabalho. Enquanto pensava nisso sentiu que alguém se sentara ao seu lado no banco do ônibus. Um perfume forte, lhe entrou pelo nariz, e um cumprido fio de cabelo, vermelho fogo, caiu sobre sua calça surrada.
Olhou para o lado e teve a sensação de já ter visto aquele jeito agressivo de se vestir, e aquela insegurança nas mãos. A moça deve ter notado que estava sendo observada, pois virou o rosto e olhou para ele com ar de interrogação. Sim, ele já havia lhe visto, seria impossível esquecer aquela maquiagem carregada. Nem toda aquela sombra preta no olho conseguia disfarçar o pedido de socorro que se dilatava com a pupila. Aquele cheiro que vinha dela, era muito forte, ele começou a se sentir enjoado. Não queria puxar assunto, ela tinha cara de poucos amigos, e bom, ele também não era do tipo de pessoa que conversa com qualquer um. Olhou para a janela.
- HEY ! MEU TÊNIS ! - A estranha garota gritou com raiva. Um cara havia pisado em seu pé, alias ele nem deu importância, deu de ombro e desceu do ônibus. - Filho da puta.
Rick riu, e nem se dera conta que havia soltado uma gargalhada e não um riso baixo. Ela o encarou furiosa.
- Tá rindo de que ?
- Tanto drama por um tênis ?
- Não é o tênis, é a falta de respeito.
- Tá rindo de que ?
- Tanto drama por um tênis ?
- Não é o tênis, é a falta de respeito.
Assunto encerrado.
Ela devia ser só mais uma adolescente rebelde sem causa. Não valia nem cinco minutos de conversa. Quando o ponto dela chegou, sequer se despediram. Rick ficou um pouco confuso, mas logo esqueceu, tinha um longo dia de trabalho pela frente.
Ela devia ser só mais uma adolescente rebelde sem causa. Não valia nem cinco minutos de conversa. Quando o ponto dela chegou, sequer se despediram. Rick ficou um pouco confuso, mas logo esqueceu, tinha um longo dia de trabalho pela frente.
domingo, 9 de dezembro de 2012
Capitulo Dez
- Victor ? - chamava o Senhor. Ronald da porta do quarto. Estava impaciente, alias, era impaciente. Sua esposa o irritava os nervos, tanto que ele mantinha um caso com uma antiga amiga. Era um homem baixo, sem grande beleza, os olhos miúdos e uma boca sempre zangada.
- Entra... - gritou Victor de dentro do quarto, ainda estava deitado na cama.
- Você precisa ir pro colégio, está atrasado.
O garoto pulou da cama, se vestiu rapidamente e entrou no carro. Quando chegou ao colégio, a primeira aula já havia começado. Biologia. Se sentou ao lado de Renato.
- Tá atrasado em.
- Avá. - respondeu com irritação. Renato parecia ter ficado ofendido, mas logo esqueceu. Falando baixo, para não despertar a atenção da professora, perguntou - E ai, vai rolar ?
- A chácara ? - Perguntou com ar maroto, em seguida, tirou do bolso da calça um chaveiro. - Claro que vai.
Victor sorriu. Essa seria uma das melhores festas que ele iria dar, tinha até chamado um cara para tocar, nada muito grandioso, apenas um cara que tocava violão e estava precisando fazer um bico. Mas ainda era quarta-feira, a festa demoraria muito para chegar.
* * *
Na hora do intervalo, Marje estava sentada em uma escada, conversando com Carolyn, quando de repente um cheiro adocicado e enjoativo pairou no ar. Uma cara ainda mais enjoada, sorriu, um riso amarelo.
- O que você quer aqui Victor ? - perguntou Marje rispidamente
- Me desculpar...
- Não precisa me pedir desculpa. - respondeu
- Não é pra você, é pra Carolyn.
- Para mim ? A essa é boa. Desculpa pelo que ? Por ter me usado e me jogado fora ?
- Desculpa porque sou um idiota.
- Isso você é mesmo. - Marje se intrometeu, não conseguiria perder aquela oportunidade. Victor nem sequer prestou atenção no comentário, olhava fixamente para Carolyn, como se estivesse a seduzindo, hipnotizando.
- Eu estava louco aquele dia. Como pude deixar você daquele jeito ? Perdão, de verdade. Você é linda, maravilhosa, e se nunca mais quiser falar comigo eu entendo, mas por favor me desculpe.
"Que ridiculo" - Marjorie pensava. Discurso ensaiado, pura falsidade. Ela jamais cairia nisso, mas a amiga por outro lado permaneceu pensativa o resto da manhã.
Carolyn sempre dizia que todos merecem uma segunda chance. Mas Victor não merecia nem a primeira. Mesmo assim, toda aquela cena que o garoto fizera, lhe deixara mole.
* * *
Na saída do colégio, Carolyn quase não conversou com a amiga, estava imersa em milhares de pensamentos confusos. Poderia ser mentira dele, mas e se não fosse ? De repente ele poderia ter realmente se arrependido.
- Não me diga que tu tá levando em consideração as coisas que aquele imbecil disse ... - Marjorie quebrou o silencio. A amiga a olhou rapidamente, como se fosse protestar, mas recuou e encarou o chão. - Não acredito nisso !
- Cara, ninguém pode ser tão escroto assim de fuder com alguém e não se arrepender !
- Ele é ! Ou você acha que foi a primeira mina que ele fez isso ?
- Uma hora as pessoas mudam.
- Então okay, vai em frente. - Apertou o passo, deixando a amiga para trás. Entrou no ônibus sem se despedir.
* * *
Renato e Victor conversavam pelo MSN.
" Quantas pessoas vc tá pensando em chamar ? "
" Sei lá, umas minas gostosas e uns amigos... "
" Posso chamar a Marjorie ? "
" Tá zuando né ? A mina me fudeo na ultima festa..."
" Mas a chácara é dos meus pais..."
" Aff, chama então. Mas duvido que ela vá...."
Renato tinha planos para esta festa, ela iria ver que ele era um cara legal.
- Entra... - gritou Victor de dentro do quarto, ainda estava deitado na cama.
- Você precisa ir pro colégio, está atrasado.
O garoto pulou da cama, se vestiu rapidamente e entrou no carro. Quando chegou ao colégio, a primeira aula já havia começado. Biologia. Se sentou ao lado de Renato.
- Tá atrasado em.
- Avá. - respondeu com irritação. Renato parecia ter ficado ofendido, mas logo esqueceu. Falando baixo, para não despertar a atenção da professora, perguntou - E ai, vai rolar ?
- A chácara ? - Perguntou com ar maroto, em seguida, tirou do bolso da calça um chaveiro. - Claro que vai.
Victor sorriu. Essa seria uma das melhores festas que ele iria dar, tinha até chamado um cara para tocar, nada muito grandioso, apenas um cara que tocava violão e estava precisando fazer um bico. Mas ainda era quarta-feira, a festa demoraria muito para chegar.
* * *
Na hora do intervalo, Marje estava sentada em uma escada, conversando com Carolyn, quando de repente um cheiro adocicado e enjoativo pairou no ar. Uma cara ainda mais enjoada, sorriu, um riso amarelo.
- O que você quer aqui Victor ? - perguntou Marje rispidamente
- Me desculpar...
- Não precisa me pedir desculpa. - respondeu
- Não é pra você, é pra Carolyn.
- Para mim ? A essa é boa. Desculpa pelo que ? Por ter me usado e me jogado fora ?
- Desculpa porque sou um idiota.
- Isso você é mesmo. - Marje se intrometeu, não conseguiria perder aquela oportunidade. Victor nem sequer prestou atenção no comentário, olhava fixamente para Carolyn, como se estivesse a seduzindo, hipnotizando.
- Eu estava louco aquele dia. Como pude deixar você daquele jeito ? Perdão, de verdade. Você é linda, maravilhosa, e se nunca mais quiser falar comigo eu entendo, mas por favor me desculpe.
"Que ridiculo" - Marjorie pensava. Discurso ensaiado, pura falsidade. Ela jamais cairia nisso, mas a amiga por outro lado permaneceu pensativa o resto da manhã.
Carolyn sempre dizia que todos merecem uma segunda chance. Mas Victor não merecia nem a primeira. Mesmo assim, toda aquela cena que o garoto fizera, lhe deixara mole.
* * *
Na saída do colégio, Carolyn quase não conversou com a amiga, estava imersa em milhares de pensamentos confusos. Poderia ser mentira dele, mas e se não fosse ? De repente ele poderia ter realmente se arrependido.
- Não me diga que tu tá levando em consideração as coisas que aquele imbecil disse ... - Marjorie quebrou o silencio. A amiga a olhou rapidamente, como se fosse protestar, mas recuou e encarou o chão. - Não acredito nisso !
- Cara, ninguém pode ser tão escroto assim de fuder com alguém e não se arrepender !
- Ele é ! Ou você acha que foi a primeira mina que ele fez isso ?
- Uma hora as pessoas mudam.
- Então okay, vai em frente. - Apertou o passo, deixando a amiga para trás. Entrou no ônibus sem se despedir.
* * *
Renato e Victor conversavam pelo MSN.
" Quantas pessoas vc tá pensando em chamar ? "
" Sei lá, umas minas gostosas e uns amigos... "
" Posso chamar a Marjorie ? "
" Tá zuando né ? A mina me fudeo na ultima festa..."
" Mas a chácara é dos meus pais..."
" Aff, chama então. Mas duvido que ela vá...."
Renato tinha planos para esta festa, ela iria ver que ele era um cara legal.
sábado, 8 de dezembro de 2012
Capitulo nove
Renato ainda fantasiava os momentos, nem tão agradáveis, que passara com Marje. Ele havia a "salvado", isso deveria contar alguns pontos. Quem ele queria enganar ? Era mesmo um bobo, solitário e carente. Deveria esquecer isso. O celular vibrou. Renato soltou a fumaça de um beck de maconha, que vinha prensando, e atendeu o celular tossindo um pouco. Era Victor.
- Cara, preciso falar com você...
- Diz ai Victor.
- To querendo armar um lance pra esse final de semana, mas na minha casa não da mais.
- E ae ?
- Seus pais tem uma fazenda, não tem ?
- Uma chácara, perto do lago...
- Que seja, se acha que rola ?
- Posso fazer rolar.
- Valeu ! Me liga qualquer coisa.
A chácara era muito bem cuidada, os pais de Renato tinham um verdadeiro mimo por aquele lugar, talvez porque tivesse sido próximo aquele lago que se conheceram, besteira romântica. Não seria uma boa ideia colocar um bando de gente bêbada naquele lugar, ainda mais porque tinha um lago, poderia ser perigoso. Mas Renato não pensou em nada disso.
* * *
Alice estava muito atordoada e deprimida com os acontecimentos dos dias anteriores. Não sabia o que devia fazer. Insistir, e lutar por Ketelyn, seria causar ainda mais problemas para todos. Porque a mãe dela não podia apenas entender isso ? O que havia demais ? Alice era uma garota, mas e se fosse um menino ? De repente tudo seria simples e perfeito ?
Ketelyn andava indo com frequência para o hospital. Estava sempre cansada. E de uns tempos para cá vinha perdendo muito peso. E agora, Alice sequer podia saber como ela estava. Se ao menos, ainda estudassem na mesma escola...
Se levantou rapidamente, vestiu uma camiseta listrada e uma calça jeans, calçou os tênis, e saiu pra rua. Precisava andar.
Ia passando pelas ruas, como se estivessem em um clipe, sua dor, sua história, sua vida, era quase teatral. Andou muito, tanto que chegou a um ponto que já não tinha certeza de onde estava. As casas pareciam casas de bonecas, um bairro nobre da cidade. Alice morava muito longe dali. Uma praça, bem arborizada, com bancos novos, e uma grama bem cuidada enfeitava uma daquelas ruas. Sentou-se em um dos bancos, admirada pela beleza do lugar.
Quis esquecer tudo, fingir por um momento que era uma garotinha de vestido rosa de cetim. Que tinha um namorado, play boy, que a buscava as oito horas em ponto com seu carro do ano. Fingiu por alguns instantes que sua mãe era uma senhora de respeito, muito amável e carinhosa, que sempre levava biscoitos e leite para ela. Quis que seu pai fosse um homem trabalhador, queria conhecer seu pai. Ah, como era doce a vida daquele lado da cidade. O cheiro de torta, não de cigarro, era o que sentia no ar. Os problemas não chegavam aquele lugar. Era sereno, e tranquilo.
- Hey ... - Uma voz masculina a fez despertar do seu mundo mágico.
- Ãh ? - respondeu meio zonza.
- O que está fazendo aqui ? - Um antigo amigo, que há muito tempo ela não via, estava a encarando de frente, com um ar preocupado.
De repente, a realidade voltou aos seus olhos. Não existiam casas de boneca, não tinha cheiro de torta no ar, ela não era uma garota de vestido rosa. Ela havia apenas sonhado.
- Caralho, onde eu to ?
- Bem longe da sua casa, e você tá cheirando a pinga.
Agora tudo fazia sentido, ela havia saído para andar, e encontrara uns amigos que estavam indo tomar umas bebidas. Ela só não tinha ideia de onde estava. Olhou ao seu redor para ver se reconhecia o lugar; Era uma praça, mas não era uma praça bonita como dos seus sonhos, mas também não era nada mal. Havia alguns casais, umas crianças brincando de bola.. E havia uma menina, triste, sozinha, perdida, confusa, dormindo sentada em um banco. Era o contraste do lugar.
- Rick, porra, quanto tempo.
- É, e você continua a mesma irresponsável. Dormindo em bancos de praça, sozinha.
- Ah, é que a vida tá foda.
- Vou te levar pra casa...
Rick e Alice haviam se conhecido dois anos atrás em uma festa, se divertiram juntos, e depois continuaram a conversar. Ele era uma espécie de diário para Alice, visando que, se conheceram na mesma época em que ela se apaixonou perdidamente por uma colega de classe. Rick era o único que sabia de tudo isso, também foi ele quem a ajudou. Mas depois da morte de sua mãe, Sabrina, o garoto que existia nele se apagou, e aos poucos foram se afastando.
- Ketelyn, ainda ?
- Pra você ver... Mas e você ? Tem namorado ?
- Não tenho tempo nem para respirar direito, meu trabalho tem me sufocado.
- E porque não arranja outra coisa ?
- Não é assim que funciona... Meu pai não trabalha mais, só vive enfiado dentro de um bar. Arranjar emprego não tá tão fácil assim. Ganho bem onde estou...
- Sei lá, de que adianta ter dinheiro e não ter vida ?
O silêncio reinou.
Andaram lado a lado.
Rick, no fundo concordava com ela. Um lado dele, aquele jovial, de vinte anos, queria sair, comemorar a vida, beijar garotas, como os caras de sua idade faziam, porém um outro lado, o lado de toda a sua maturidade, que deveria ter ao menos uns quarenta anos, o dizia para focar no trabalho, pois farra não o levaria a lugar algum. Respirou fundo, soltou a fumaça do cigarro, e olhou para Alice, balançando a cabeça positivamente. Ela entendeu, apenas sorriu, mas havia entendido.
- Cara, preciso falar com você...
- Diz ai Victor.
- To querendo armar um lance pra esse final de semana, mas na minha casa não da mais.
- E ae ?
- Seus pais tem uma fazenda, não tem ?
- Uma chácara, perto do lago...
- Que seja, se acha que rola ?
- Posso fazer rolar.
- Valeu ! Me liga qualquer coisa.
A chácara era muito bem cuidada, os pais de Renato tinham um verdadeiro mimo por aquele lugar, talvez porque tivesse sido próximo aquele lago que se conheceram, besteira romântica. Não seria uma boa ideia colocar um bando de gente bêbada naquele lugar, ainda mais porque tinha um lago, poderia ser perigoso. Mas Renato não pensou em nada disso.
* * *
Alice estava muito atordoada e deprimida com os acontecimentos dos dias anteriores. Não sabia o que devia fazer. Insistir, e lutar por Ketelyn, seria causar ainda mais problemas para todos. Porque a mãe dela não podia apenas entender isso ? O que havia demais ? Alice era uma garota, mas e se fosse um menino ? De repente tudo seria simples e perfeito ?
Ketelyn andava indo com frequência para o hospital. Estava sempre cansada. E de uns tempos para cá vinha perdendo muito peso. E agora, Alice sequer podia saber como ela estava. Se ao menos, ainda estudassem na mesma escola...
Se levantou rapidamente, vestiu uma camiseta listrada e uma calça jeans, calçou os tênis, e saiu pra rua. Precisava andar.
Ia passando pelas ruas, como se estivessem em um clipe, sua dor, sua história, sua vida, era quase teatral. Andou muito, tanto que chegou a um ponto que já não tinha certeza de onde estava. As casas pareciam casas de bonecas, um bairro nobre da cidade. Alice morava muito longe dali. Uma praça, bem arborizada, com bancos novos, e uma grama bem cuidada enfeitava uma daquelas ruas. Sentou-se em um dos bancos, admirada pela beleza do lugar.
Quis esquecer tudo, fingir por um momento que era uma garotinha de vestido rosa de cetim. Que tinha um namorado, play boy, que a buscava as oito horas em ponto com seu carro do ano. Fingiu por alguns instantes que sua mãe era uma senhora de respeito, muito amável e carinhosa, que sempre levava biscoitos e leite para ela. Quis que seu pai fosse um homem trabalhador, queria conhecer seu pai. Ah, como era doce a vida daquele lado da cidade. O cheiro de torta, não de cigarro, era o que sentia no ar. Os problemas não chegavam aquele lugar. Era sereno, e tranquilo.
- Hey ... - Uma voz masculina a fez despertar do seu mundo mágico.
- Ãh ? - respondeu meio zonza.
- O que está fazendo aqui ? - Um antigo amigo, que há muito tempo ela não via, estava a encarando de frente, com um ar preocupado.
De repente, a realidade voltou aos seus olhos. Não existiam casas de boneca, não tinha cheiro de torta no ar, ela não era uma garota de vestido rosa. Ela havia apenas sonhado.
- Caralho, onde eu to ?
- Bem longe da sua casa, e você tá cheirando a pinga.
Agora tudo fazia sentido, ela havia saído para andar, e encontrara uns amigos que estavam indo tomar umas bebidas. Ela só não tinha ideia de onde estava. Olhou ao seu redor para ver se reconhecia o lugar; Era uma praça, mas não era uma praça bonita como dos seus sonhos, mas também não era nada mal. Havia alguns casais, umas crianças brincando de bola.. E havia uma menina, triste, sozinha, perdida, confusa, dormindo sentada em um banco. Era o contraste do lugar.
- Rick, porra, quanto tempo.
- É, e você continua a mesma irresponsável. Dormindo em bancos de praça, sozinha.
- Ah, é que a vida tá foda.
- Vou te levar pra casa...
Rick e Alice haviam se conhecido dois anos atrás em uma festa, se divertiram juntos, e depois continuaram a conversar. Ele era uma espécie de diário para Alice, visando que, se conheceram na mesma época em que ela se apaixonou perdidamente por uma colega de classe. Rick era o único que sabia de tudo isso, também foi ele quem a ajudou. Mas depois da morte de sua mãe, Sabrina, o garoto que existia nele se apagou, e aos poucos foram se afastando.
- Ketelyn, ainda ?
- Pra você ver... Mas e você ? Tem namorado ?
- Não tenho tempo nem para respirar direito, meu trabalho tem me sufocado.
- E porque não arranja outra coisa ?
- Não é assim que funciona... Meu pai não trabalha mais, só vive enfiado dentro de um bar. Arranjar emprego não tá tão fácil assim. Ganho bem onde estou...
- Sei lá, de que adianta ter dinheiro e não ter vida ?
O silêncio reinou.
Andaram lado a lado.
Rick, no fundo concordava com ela. Um lado dele, aquele jovial, de vinte anos, queria sair, comemorar a vida, beijar garotas, como os caras de sua idade faziam, porém um outro lado, o lado de toda a sua maturidade, que deveria ter ao menos uns quarenta anos, o dizia para focar no trabalho, pois farra não o levaria a lugar algum. Respirou fundo, soltou a fumaça do cigarro, e olhou para Alice, balançando a cabeça positivamente. Ela entendeu, apenas sorriu, mas havia entendido.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Capitulo Oito
"George, preciso falar com você" - Marjorie apertou "enviar" com uma certa relutância, em poucos minutos seu chamado foi atendido.
"Eu preciso te contar uma coisa... conheci uma mina legal aqui na minha cidade... :s "
"Você tá namorando ? Tu me traiu ? "
"Não, não, nada disso... Mas você tá longe, e a gente sabe que eu não posso simplesmente me mudar pra sua cidade assim. Acho que é melhor a gente seguir nossas vidas D: "
Com as mãos tremendo, ela escrevia centenas de coisas e as apagava sem ter certeza do que responder. Deveria tenta-lo fazer mudar de ideia ? Mas sempre ouviu dizer que quem ama deixa a pessoa partir. Era mais difícil do que os autores diziam nos livros. Ela nunca havia o visto pessoalmente, apenas conversavam pela web cam, mas mesmo assim, o amor que ela sentia por ele era plenamente verdadeiro, doía de verdade aquela situação. Marje era muito romântica, talvez, apesar de toda a sua postura e de todos os seus esforços para ser fria, ela era uma "manteiga derretida", se apaixonava muito fácil, e sofria demasiadamente por isso.
Por fim apenas lhe enviou "Você quem sabe".
As lágrimas quentes rolavam pelo rosto, enquanto George pedia um milhão de desculpas. "PRO INFERNO COM ESSAS DESCULPAS! " - ela exclamava mentalmente. Afinal, dentro de algumas semanas ele estaria namorando com outra, ele estaria feliz. Mas e ela ? Deveria fazer o mesmo que ele... Porque era sempre ela quem acabava mal nas histórias ? Sempre ela que não conseguia abandonar a posse do sentir ?
"Que se dane" - disse para si mesma. Desligou o computador e saiu. Mas George permaneceu em sua mente o caminho todo que ela fizera até a casa de Carolyn.
* * *
Carolyn resolveu se perdoar pelo acontecido na casa de Victor. Ele era um idiota, ela tinha sido uma garota boba por ter se entregado a ele, mas que ficasse de aprendizagem. Colocou uma pedra em cima disso tudo. As quatro horas da tarde acordou, depois de ter deitado ainda vestida com as roupas que fora da escola. Tinha alguém batendo na porta de seu quarto e pela maneira impaciente deveria ser a Marje.
- Entra!
E era mesmo ! Marjorie entrou no quarto com os olhos vermelhos, de choro. A maquiagem estava um pouco borrada e as mãos tremulas. O rosto pálido dela ficava ainda mais branco nestas situações.
- Eita porra, o que aconteceu ?
- O George largou de mim ! - Ela se atirou numa cadeira onde havia uma blusa pendurada no encosto. E com as mãos sobre o rosto começou a chorar baixinho. O choro se amplificou quando a amiga a abraçou de pé.
Passada a choradeira, Carolyn quis saber o que realmente tinha acontecido. Ouviu tudo atentamente, sem interromper nenhuma vez, então simplesmente disse:
- A vida continua.
* * *
Já deveriam ser umas sete horas da noite quando Marjorie pegou o ônibus de volta para a casa, por insistência da amiga, pois preferia mil vezes voltar andando.
Não estava nem na metade do caminho quando pingos de chuva começaram a aparecer na janela...
"Ótima hora para chover" - pensou. Não, não estava preocupada em pegar chuva, se preocupava com a sensibilidade e a nostalgia que qualquer garoa trás. Pela janela do auto ela via pessoas correndo para lá e para cá, com certeza havia histórias fascinantes naquelas ruas; Dramas quase mexicanos; Com certeza havia muita história para contar sobre aquelas pessoas se escondendo da chuva não anunciada.
É, a chuva chega mesmo quando quer, e vai embora só depois de ter feito bastante estrago. Mas as vezes também a chuva é necessária. De repente uma canção mais melancólica do que aquela chuva que gotejava embaçando todo o vidro, começou a tocar. "Agora já era"; A letra triste e a batida lenta a envolveram... Nada mais a salvaria daquela dor sem fim.
Olhou para o céu, como ultimo recurso. Nuvens pesadas anunciavam uma tempestade terrível. Fechou os olhos, e desejou que o tempo passasse rápido o bastante para ela não ter que viver aquela dor, ou provar do gosto azedo da solidão. Então, dois rastros negros, do que sobrava de sua maquiagem, escorreram pela face.
Era a resposta.
Olhou novamente para o céu.
A chuva passaria, o arco-iris chegaria então. Mas ele... Ah, ele não chegaria jamais.
"Eu preciso te contar uma coisa... conheci uma mina legal aqui na minha cidade... :s "
"Você tá namorando ? Tu me traiu ? "
"Não, não, nada disso... Mas você tá longe, e a gente sabe que eu não posso simplesmente me mudar pra sua cidade assim. Acho que é melhor a gente seguir nossas vidas D: "
Com as mãos tremendo, ela escrevia centenas de coisas e as apagava sem ter certeza do que responder. Deveria tenta-lo fazer mudar de ideia ? Mas sempre ouviu dizer que quem ama deixa a pessoa partir. Era mais difícil do que os autores diziam nos livros. Ela nunca havia o visto pessoalmente, apenas conversavam pela web cam, mas mesmo assim, o amor que ela sentia por ele era plenamente verdadeiro, doía de verdade aquela situação. Marje era muito romântica, talvez, apesar de toda a sua postura e de todos os seus esforços para ser fria, ela era uma "manteiga derretida", se apaixonava muito fácil, e sofria demasiadamente por isso.
Por fim apenas lhe enviou "Você quem sabe".
As lágrimas quentes rolavam pelo rosto, enquanto George pedia um milhão de desculpas. "PRO INFERNO COM ESSAS DESCULPAS! " - ela exclamava mentalmente. Afinal, dentro de algumas semanas ele estaria namorando com outra, ele estaria feliz. Mas e ela ? Deveria fazer o mesmo que ele... Porque era sempre ela quem acabava mal nas histórias ? Sempre ela que não conseguia abandonar a posse do sentir ?
"Que se dane" - disse para si mesma. Desligou o computador e saiu. Mas George permaneceu em sua mente o caminho todo que ela fizera até a casa de Carolyn.
* * *
Carolyn resolveu se perdoar pelo acontecido na casa de Victor. Ele era um idiota, ela tinha sido uma garota boba por ter se entregado a ele, mas que ficasse de aprendizagem. Colocou uma pedra em cima disso tudo. As quatro horas da tarde acordou, depois de ter deitado ainda vestida com as roupas que fora da escola. Tinha alguém batendo na porta de seu quarto e pela maneira impaciente deveria ser a Marje.
- Entra!
E era mesmo ! Marjorie entrou no quarto com os olhos vermelhos, de choro. A maquiagem estava um pouco borrada e as mãos tremulas. O rosto pálido dela ficava ainda mais branco nestas situações.
- Eita porra, o que aconteceu ?
- O George largou de mim ! - Ela se atirou numa cadeira onde havia uma blusa pendurada no encosto. E com as mãos sobre o rosto começou a chorar baixinho. O choro se amplificou quando a amiga a abraçou de pé.
Passada a choradeira, Carolyn quis saber o que realmente tinha acontecido. Ouviu tudo atentamente, sem interromper nenhuma vez, então simplesmente disse:
- A vida continua.
* * *
Já deveriam ser umas sete horas da noite quando Marjorie pegou o ônibus de volta para a casa, por insistência da amiga, pois preferia mil vezes voltar andando.
Não estava nem na metade do caminho quando pingos de chuva começaram a aparecer na janela...
"Ótima hora para chover" - pensou. Não, não estava preocupada em pegar chuva, se preocupava com a sensibilidade e a nostalgia que qualquer garoa trás. Pela janela do auto ela via pessoas correndo para lá e para cá, com certeza havia histórias fascinantes naquelas ruas; Dramas quase mexicanos; Com certeza havia muita história para contar sobre aquelas pessoas se escondendo da chuva não anunciada.
É, a chuva chega mesmo quando quer, e vai embora só depois de ter feito bastante estrago. Mas as vezes também a chuva é necessária. De repente uma canção mais melancólica do que aquela chuva que gotejava embaçando todo o vidro, começou a tocar. "Agora já era"; A letra triste e a batida lenta a envolveram... Nada mais a salvaria daquela dor sem fim.
Olhou para o céu, como ultimo recurso. Nuvens pesadas anunciavam uma tempestade terrível. Fechou os olhos, e desejou que o tempo passasse rápido o bastante para ela não ter que viver aquela dor, ou provar do gosto azedo da solidão. Então, dois rastros negros, do que sobrava de sua maquiagem, escorreram pela face.
Era a resposta.
Olhou novamente para o céu.
A chuva passaria, o arco-iris chegaria então. Mas ele... Ah, ele não chegaria jamais.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Capitulo Sete
Não parecia ser um bom dia para ninguém. Alice notou isso, logo quando saiu de casa. Sua vó estava muito brava, pois a mãe de Ketelyn havia telefonado para lá e dito barbaridades para ela. No onibus o motorista não parecia muito contente, assim como todos os passageiros também não. Bom, talvez fosse apenas o sono tomando conta de todo mundo. Mas algo no ar estava realmente mais pesado aquela manhã.
* * *
Marjorie se rendeu ao sono nas primeiras aulas, não havia dormido mais depois de despertar do sonho que tivera com George. Precisava urgentemente falar com ele.
No intervalo, uma confusão a aguardava no corredor.
- Muito obrigada por acabar com a minha festa ontem ! - Gritou Victor se aproximando como um touro de Marjorie, que não teve o que fazer além de encostar em uma parede e ficar o observando falar. - Sabia que a policia me deu uma multa ? Todo mundo lá era menor de idade, e tinha bebidas lá ! - havia muito mais do que bebida naquela festa.
- Ops... foi sem querer. - respondeu ela com ironia, e não pode conter um riso ao ver que Victor ficara ainda mais puto de raiva.
- Além de eu te chamar pra minha festa, você ainda faz isso ! Ah, você é uma vadia mesmo !
- Quem te contou que fui eu quem chamou a policia ?
- Não te interessa ! - Com toda certeza aquele cara que veio puxar assunto com ela, que havia contato. Deveria ter ficado com raiva dela por ter lhe trato mau, além disso, ele havia falado alguma coisa sobre ser amigo de Victor. Como era mesmo o nome daquele otário ?
- Então, me deixe passar. - Victor abriu caminho. Era um completo imbecil, mas bater em uma menina estava fora dos planos, afinal de contas ele tinha uma reputação para selar. - Nunca mais apareça na minha casa ! - gritou para finalizar. Marjorie não se importava, outras festas haviam no mundo, e as dele não eram nem de longe as melhores.
Era a ultima aula quando reencontrou o cara da festa. Desviou o olhar rapidamente para que ele não a visse, mas não teve jeito, em segundos ele estava ao lado dela, falando sem parar.
- Eu te liguei ontem, mas você não me atendeu, lembra de mim, né ?
- Como eu poderia esquecer... - a frase saiu muito mais como um lamento, do que como um elogio. - Como conseguiu meu telefone ?
- O Victor me passou. - disse sorrindo. Mas seu sorriso se apagou, logo que percebeu que ela ficara furiosa só de ouvir o nome do outro. Será que eles não se gostavam ? Mas se não se gostavam o que ela estava fazendo na festa dele ontem ? - Você não gosta dele ?
- Olha, eu to com pressa.
- Ah, sim, claro. Posso ir com você até o ponto ?
- Eu to com cara de quem quero papo ? - Será que ele não se tocava ?
- Posso ir em silêncio. - Talvez estivesse incomodando, mas se lembrou do que seu pai lhe dizia sempre "Para conquistar uma mulher é preciso ter paciência e ser insistente".
- Tá né.
Eles caminharam lado a lado, hora outra ela apertava o passo, mas logo diminuía Foram atravessar uma rua, e Renato percebeu que Marjorie estava um pouco desligada e não viu o carro que dobrava a esquina. Com um movimento rápido ele a puxou para trás a livrando do possível acidente. O carro buzinou. Marje havia perdido toda a cor do rosto e seus lábios tremiam, ficaram ambos na calçada, se olhando.
- Você tá bem ? - Renato perguntou por fim.
- É, valeu.
Aquilo poderia ser o incio de uma linda história de amor, poderia, mas não iria ser.
* * *:
Rick estava sentado no ônibus com seus fones de ouvido, quando uma garota muito estranha entrou, deixando do lado de fora um guri. Se sentou no banco um pouco a sua frente. Ele a observava, e aos poucos ela ia ganhando uma certa beleza. A cada gesto era uma nova descoberta de uma personalidade forte. Rick era muito observador neste aspecto, conhecia alguém apenas pela forma desta pessoa se movimentar.
A garota por exemplo, mexia o tempo todo no cabelo vermelho e cumprido, por tanto ele logo deduziu que apesar de toda a pose ela era insegura. Realmente gostou da forma como ela se vestia, e de sua maquiagem, mesmo sendo ambas muito exageradas. Era expressiva, ele gostava disso.
Lembrou-se vagamente de Katia e de toda a sua aparência comum. Olhando para a menina sem nome, ficou imaginando se ela tinha um namorado, um telefone, quem sabe ? Será que pegava todo dia aquele ônibus ?
Teve que parar de pensar nisso, pois seu ponto havia chegado.
O resto da tarde também não teve tempo de pensar. Ela era apenas umas desconhecida que ele nunca mais iria ver.
* * *
Marjorie se rendeu ao sono nas primeiras aulas, não havia dormido mais depois de despertar do sonho que tivera com George. Precisava urgentemente falar com ele.
No intervalo, uma confusão a aguardava no corredor.
- Muito obrigada por acabar com a minha festa ontem ! - Gritou Victor se aproximando como um touro de Marjorie, que não teve o que fazer além de encostar em uma parede e ficar o observando falar. - Sabia que a policia me deu uma multa ? Todo mundo lá era menor de idade, e tinha bebidas lá ! - havia muito mais do que bebida naquela festa.
- Ops... foi sem querer. - respondeu ela com ironia, e não pode conter um riso ao ver que Victor ficara ainda mais puto de raiva.
- Além de eu te chamar pra minha festa, você ainda faz isso ! Ah, você é uma vadia mesmo !
- Quem te contou que fui eu quem chamou a policia ?
- Não te interessa ! - Com toda certeza aquele cara que veio puxar assunto com ela, que havia contato. Deveria ter ficado com raiva dela por ter lhe trato mau, além disso, ele havia falado alguma coisa sobre ser amigo de Victor. Como era mesmo o nome daquele otário ?
- Então, me deixe passar. - Victor abriu caminho. Era um completo imbecil, mas bater em uma menina estava fora dos planos, afinal de contas ele tinha uma reputação para selar. - Nunca mais apareça na minha casa ! - gritou para finalizar. Marjorie não se importava, outras festas haviam no mundo, e as dele não eram nem de longe as melhores.
Era a ultima aula quando reencontrou o cara da festa. Desviou o olhar rapidamente para que ele não a visse, mas não teve jeito, em segundos ele estava ao lado dela, falando sem parar.
- Eu te liguei ontem, mas você não me atendeu, lembra de mim, né ?
- Como eu poderia esquecer... - a frase saiu muito mais como um lamento, do que como um elogio. - Como conseguiu meu telefone ?
- O Victor me passou. - disse sorrindo. Mas seu sorriso se apagou, logo que percebeu que ela ficara furiosa só de ouvir o nome do outro. Será que eles não se gostavam ? Mas se não se gostavam o que ela estava fazendo na festa dele ontem ? - Você não gosta dele ?
- Olha, eu to com pressa.
- Ah, sim, claro. Posso ir com você até o ponto ?
- Eu to com cara de quem quero papo ? - Será que ele não se tocava ?
- Posso ir em silêncio. - Talvez estivesse incomodando, mas se lembrou do que seu pai lhe dizia sempre "Para conquistar uma mulher é preciso ter paciência e ser insistente".
- Tá né.
Eles caminharam lado a lado, hora outra ela apertava o passo, mas logo diminuía Foram atravessar uma rua, e Renato percebeu que Marjorie estava um pouco desligada e não viu o carro que dobrava a esquina. Com um movimento rápido ele a puxou para trás a livrando do possível acidente. O carro buzinou. Marje havia perdido toda a cor do rosto e seus lábios tremiam, ficaram ambos na calçada, se olhando.
- Você tá bem ? - Renato perguntou por fim.
- É, valeu.
Aquilo poderia ser o incio de uma linda história de amor, poderia, mas não iria ser.
* * *:
Rick estava sentado no ônibus com seus fones de ouvido, quando uma garota muito estranha entrou, deixando do lado de fora um guri. Se sentou no banco um pouco a sua frente. Ele a observava, e aos poucos ela ia ganhando uma certa beleza. A cada gesto era uma nova descoberta de uma personalidade forte. Rick era muito observador neste aspecto, conhecia alguém apenas pela forma desta pessoa se movimentar.
A garota por exemplo, mexia o tempo todo no cabelo vermelho e cumprido, por tanto ele logo deduziu que apesar de toda a pose ela era insegura. Realmente gostou da forma como ela se vestia, e de sua maquiagem, mesmo sendo ambas muito exageradas. Era expressiva, ele gostava disso.
Lembrou-se vagamente de Katia e de toda a sua aparência comum. Olhando para a menina sem nome, ficou imaginando se ela tinha um namorado, um telefone, quem sabe ? Será que pegava todo dia aquele ônibus ?
Teve que parar de pensar nisso, pois seu ponto havia chegado.
O resto da tarde também não teve tempo de pensar. Ela era apenas umas desconhecida que ele nunca mais iria ver.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Capitulo Seis
Estava irritado e cansado. O trabalho naquela usina estava lhe sugando a vida. E naquele dia ainda, seu chefe havia mandado que ele fizesse hora extra. Já era tarde da noite quando conseguiu finalmente pegar um ônibus de volta para a casa. Sentou-se bem no fundo, mesmo que os bancos estivessem quase todos vazios, se não fosse por duas senhoras que conversavam perto do motorista, um casal sentado bem no meio da fileira de bancos e uma moça sozinha que observava o movimento pela janela. Mas Rick estava mergulhado em uma profunda solidão.
Ao observar os namorados, deu-se conta, de que há muito tempo não se dava ao luxo de sair como uma mulher. Mas também, ele não tinha tempo para essas coisas, a carga horária de seu trabalho era pesada e nos finais de semana tudo que ele queria era ficar em casa com seu violão, que há muito tempo era seu único amigo.
Lembrou-se então, que semanas atrás Katia havia lhe dado seu telefone. Ele o guardou, mas nunca teve tempo de ligar para ela. A moça era bonita, porém de uma beleza comum, nada de extravagante, seu olhar era pouco expressivo assim como as roupas que vestia. Rick tinha uma simpatia grande por ela, mas nada que o fizesse convida-la para sair, embora ela sempre se mostrasse interessada. Mas quem sabe ? Talvez ele se surpreende-se.
Pegou a carteira no bolso da calça e procurou pelos compartimentos um papel com um telefone. Achou. Numa folha dobrada de qualquer jeito, estava escrito em letras garrafais Katia, logo abaixo um número. Guardou de novo o papel, e deixou para decidir se ligaria ou não quando chegasse em casa.
Desceu um ponto antes do seu. Precisava pensar um pouco, e os únicos momentos em que podia relaxar e pensar sobre a vida eram estes, voltando para a casa, na rua deserta e mal iluminada.
As estrelas mantinham um brilho fosco, e a lua não estava aparecendo. De repente, ele sentiu uma saudade dolorida do tempo que sua mãe estava viva. Sabrina era tão jovial quanto seu nome. Exibia sempre um sorriso amável, e era muito esperta e ativa, até que o câncer tomou conta. Mesmo assim, Rick se lembrava, que mesmo doente a mãe permanecia sorrindo e sempre de muito bom humor.
Quando ela estava viva, ele tinha um emprego de que realmente gostava. Com seu amigo Billy, tomava conta de uma loja de CD'S no centro da cidade. Depois da morte de sua mãe, abandonou o negócio e arrumou um emprego em uma metalúrgica para sustentar o pai, que de uma hora para a outra se enfiou dentro de um bar.
Ah, como era triste pensar na vida... Porém, ele não tinha tempo nem mesmo para se deprimir. Ao chegar no portão de casa procurou as chaves no bolso. Sem a minima vontade de entrar ali, entrou.
* * *
Quando Marjorie acordou o quarto já estava escuro. Deveria ter dormido muito, pois sentia o corpo todo doer. Sentou-se na cama e se lembrou vagamente do sonho que tivera.
"Ela estava abraçada com um rapaz, não podia ver seu rosto, mas tinha certeza de que era George. Com voz doce e ao mesmo tempo chorosa ela pedia:
- Me abraça. Forte. E nunca me deixe.
Ele não respondia nada, nem o minimo ruido, mas a apertava com força contra o peito. De repente, como um passe de mágica ele desapareceu e ela se viu sozinha. "
Passou a mão pelo rosto, estava suando. Pegou o celular e ligou, uma musica de inicialização tocou. Olhou as horas, 23:23. Sorriu e disse como deboche "Será que alguém está pensando em mim ? ". Logo o sorriso se apagou, e a luz do celular também. Deixando novamente o quarto em penumbra. E ela estava realmente sozinha.
* * *
Aquela noite Carolyn não conseguiu dormir. Em sua mente ainda rodavam as cenas da noite anterior. Se via beijando Victor. O quarto. A cama. O corpo nu do garoto em cima do seu. Depois o via a abandonar nua e frágil em seu quarto, sem a minima palavra. Em seguida ele ria e contava vantagem para um bando de idiotas. Será que riam dela ? Que tipo de imagem ela tinha para aqueles olhos acusadores ?
Alguém, por favor, os faça parar de rir !
Sentou-se na cama e se encolheu, como uma criança assustada. Com as mãos sobre o rosto sentiu lágrimas quentes escorregarem pelos dedos.
Ela era uma vagabunda, se sentia assim.
Ao observar os namorados, deu-se conta, de que há muito tempo não se dava ao luxo de sair como uma mulher. Mas também, ele não tinha tempo para essas coisas, a carga horária de seu trabalho era pesada e nos finais de semana tudo que ele queria era ficar em casa com seu violão, que há muito tempo era seu único amigo.
Lembrou-se então, que semanas atrás Katia havia lhe dado seu telefone. Ele o guardou, mas nunca teve tempo de ligar para ela. A moça era bonita, porém de uma beleza comum, nada de extravagante, seu olhar era pouco expressivo assim como as roupas que vestia. Rick tinha uma simpatia grande por ela, mas nada que o fizesse convida-la para sair, embora ela sempre se mostrasse interessada. Mas quem sabe ? Talvez ele se surpreende-se.
Pegou a carteira no bolso da calça e procurou pelos compartimentos um papel com um telefone. Achou. Numa folha dobrada de qualquer jeito, estava escrito em letras garrafais Katia, logo abaixo um número. Guardou de novo o papel, e deixou para decidir se ligaria ou não quando chegasse em casa.
Desceu um ponto antes do seu. Precisava pensar um pouco, e os únicos momentos em que podia relaxar e pensar sobre a vida eram estes, voltando para a casa, na rua deserta e mal iluminada.
As estrelas mantinham um brilho fosco, e a lua não estava aparecendo. De repente, ele sentiu uma saudade dolorida do tempo que sua mãe estava viva. Sabrina era tão jovial quanto seu nome. Exibia sempre um sorriso amável, e era muito esperta e ativa, até que o câncer tomou conta. Mesmo assim, Rick se lembrava, que mesmo doente a mãe permanecia sorrindo e sempre de muito bom humor.
Quando ela estava viva, ele tinha um emprego de que realmente gostava. Com seu amigo Billy, tomava conta de uma loja de CD'S no centro da cidade. Depois da morte de sua mãe, abandonou o negócio e arrumou um emprego em uma metalúrgica para sustentar o pai, que de uma hora para a outra se enfiou dentro de um bar.
Ah, como era triste pensar na vida... Porém, ele não tinha tempo nem mesmo para se deprimir. Ao chegar no portão de casa procurou as chaves no bolso. Sem a minima vontade de entrar ali, entrou.
* * *
Quando Marjorie acordou o quarto já estava escuro. Deveria ter dormido muito, pois sentia o corpo todo doer. Sentou-se na cama e se lembrou vagamente do sonho que tivera.
"Ela estava abraçada com um rapaz, não podia ver seu rosto, mas tinha certeza de que era George. Com voz doce e ao mesmo tempo chorosa ela pedia:
- Me abraça. Forte. E nunca me deixe.
Ele não respondia nada, nem o minimo ruido, mas a apertava com força contra o peito. De repente, como um passe de mágica ele desapareceu e ela se viu sozinha. "
Passou a mão pelo rosto, estava suando. Pegou o celular e ligou, uma musica de inicialização tocou. Olhou as horas, 23:23. Sorriu e disse como deboche "Será que alguém está pensando em mim ? ". Logo o sorriso se apagou, e a luz do celular também. Deixando novamente o quarto em penumbra. E ela estava realmente sozinha.
* * *
Aquela noite Carolyn não conseguiu dormir. Em sua mente ainda rodavam as cenas da noite anterior. Se via beijando Victor. O quarto. A cama. O corpo nu do garoto em cima do seu. Depois o via a abandonar nua e frágil em seu quarto, sem a minima palavra. Em seguida ele ria e contava vantagem para um bando de idiotas. Será que riam dela ? Que tipo de imagem ela tinha para aqueles olhos acusadores ?
Alguém, por favor, os faça parar de rir !
Sentou-se na cama e se encolheu, como uma criança assustada. Com as mãos sobre o rosto sentiu lágrimas quentes escorregarem pelos dedos.
Ela era uma vagabunda, se sentia assim.
sábado, 10 de novembro de 2012
Capitulo Cinco
Aquela tarde Marjorie estava com o humor muito vulnerável. Como uma bomba, ela estava pronta para explodir, e não seria nada bonito quando isso acontecesse. Tinha brigado com George ( seu namorado, embora estivessem juntos há pelo menos dois meses não haviam se visto até então. Ele morava um pouco longe então os dois mantinham um relacionamento virtual.) e os acontecimentos da noite passada estavam a perturbando. 4:00 PM, Alice ligou.
- Marje... - a voz era chorosa
- O que foi ? O que aconteceu ontem ?
- Bom, depois que vocês foram embora a ambulância chegou.
- E como a Ketelyn está ? - sua pergunta pareceu superficial quer dizer, não estava realmente preocupada com a garota, mas sim com Alice.
- Está bem, quero dizer, não muito, mas pelo menos não corre mais perigo. - respondeu confusamente.
- Perigo ?
- É, Ket não tinha me falado que bebeu uns remédios fortes antes de ir pra festa. Lá ela encheu a cara, por isso passou mal. - deu um longo suspiro e continuou num tom desanimado e triste - A mãe dela chegou no hospital quando ela já estava consciente, mas não fez a menor cerimônia e começou a me xingar dos piores nomes possíveis. Por fim disse que não podemos mais nos ver.
- Nossa véi, que foda. Mas não muda muita coisa, quero dizer, desde que vocês começaram a namorar a mãe dela diz isso, antes dua vó também encanava, e mesmo assim vocês continuaram. Sei lá, vocês vão dar um jeito ! - tentou animar.
- É, mas dessa vez é diferente - fez um longo silêncio, até que com uma voz vacilante prosseguiu - Eu quase a matei... - Marje percebeu que a amiga começara a chorar. Ouviu um soluço.
- Ei, para. Não foi sua culpa, Ket que é uma ... - parou, ela sabia como queria terminar aquela frase, estava com raiva da Ket, a verdade era essa. Mas precisava pensar em Alice, ela amava aquela garota, por mais repugnante que fosse. Mudou o tom de voz, e concluiu com serenidade. - Você não tinha como saber.
Alice havia parado de chorar, ou pelo menos estava contendo o choro. A voz ainda era tremula.
- Vou desligar, depois te ligo.
Marje ouviu a linha ser desligada, mas permaneceu com o fone mudo no ouvido. Pensou em telefonar para Carolyn, mas deixou para lá. Se jogou na cama e ficou olhando para o teto, sem a minima expectativa de encontrar em seus pensamentos algo que lhe acalma-se a alma.
* * *
Renato estava deitado em sua cama, sorria de orelha a orelha desde que acordara. Como se a conversa que tivera com Marjorie na noite passada houvesse sido de fato agradável. Bom, pelo menos ele a ajudou com a amiga, e ainda conseguiu arrancar um sorriso e algumas palavras menos hostis dela. "Ela é osso duro" - pensava.
Será que haveria alguma chance de ficar com ela ? O que uma garota como Marjorie poderia querer com ele ? Será que ela tinha um namorado ?
Se lembrou de quando sentou ao lado dela na escada, ao recordar da cara de desprezo que ela fizera uma ponta inevitável de melancolia e desesperança o tomou. Cobriu o rosto com o travesseiro e um leve cheiro de maconha lhe entrou pelo nariz. Sentiu-se enjoado. Correu para a janela e a abriu.
Um vento frio lhe soprou o pescoço. Novamente seus pensamentos foram parar em Marje, uma sensação estranha lhe embrulhou o estomago, seriam borboletas ?
Passou a mão pela testa. Fechou a janela e resolveu ligar para ela, Victor havia lhe passado o número.
* * *
Os devaneios de Marjorie foram interrompidos por um vibre, que em instantes se transformou em uma escandalosa música. Na tela do celular estava escrito "NUMERO DESCONHECIDO". Desligou o aparelho, não estava com ânimo para falar com ninguém aquela hora.
- Marje... - a voz era chorosa
- O que foi ? O que aconteceu ontem ?
- Bom, depois que vocês foram embora a ambulância chegou.
- E como a Ketelyn está ? - sua pergunta pareceu superficial quer dizer, não estava realmente preocupada com a garota, mas sim com Alice.
- Está bem, quero dizer, não muito, mas pelo menos não corre mais perigo. - respondeu confusamente.
- Perigo ?
- É, Ket não tinha me falado que bebeu uns remédios fortes antes de ir pra festa. Lá ela encheu a cara, por isso passou mal. - deu um longo suspiro e continuou num tom desanimado e triste - A mãe dela chegou no hospital quando ela já estava consciente, mas não fez a menor cerimônia e começou a me xingar dos piores nomes possíveis. Por fim disse que não podemos mais nos ver.
- Nossa véi, que foda. Mas não muda muita coisa, quero dizer, desde que vocês começaram a namorar a mãe dela diz isso, antes dua vó também encanava, e mesmo assim vocês continuaram. Sei lá, vocês vão dar um jeito ! - tentou animar.
- É, mas dessa vez é diferente - fez um longo silêncio, até que com uma voz vacilante prosseguiu - Eu quase a matei... - Marje percebeu que a amiga começara a chorar. Ouviu um soluço.
- Ei, para. Não foi sua culpa, Ket que é uma ... - parou, ela sabia como queria terminar aquela frase, estava com raiva da Ket, a verdade era essa. Mas precisava pensar em Alice, ela amava aquela garota, por mais repugnante que fosse. Mudou o tom de voz, e concluiu com serenidade. - Você não tinha como saber.
Alice havia parado de chorar, ou pelo menos estava contendo o choro. A voz ainda era tremula.
- Vou desligar, depois te ligo.
Marje ouviu a linha ser desligada, mas permaneceu com o fone mudo no ouvido. Pensou em telefonar para Carolyn, mas deixou para lá. Se jogou na cama e ficou olhando para o teto, sem a minima expectativa de encontrar em seus pensamentos algo que lhe acalma-se a alma.
* * *
Renato estava deitado em sua cama, sorria de orelha a orelha desde que acordara. Como se a conversa que tivera com Marjorie na noite passada houvesse sido de fato agradável. Bom, pelo menos ele a ajudou com a amiga, e ainda conseguiu arrancar um sorriso e algumas palavras menos hostis dela. "Ela é osso duro" - pensava.
Será que haveria alguma chance de ficar com ela ? O que uma garota como Marjorie poderia querer com ele ? Será que ela tinha um namorado ?
Se lembrou de quando sentou ao lado dela na escada, ao recordar da cara de desprezo que ela fizera uma ponta inevitável de melancolia e desesperança o tomou. Cobriu o rosto com o travesseiro e um leve cheiro de maconha lhe entrou pelo nariz. Sentiu-se enjoado. Correu para a janela e a abriu.
Um vento frio lhe soprou o pescoço. Novamente seus pensamentos foram parar em Marje, uma sensação estranha lhe embrulhou o estomago, seriam borboletas ?
Passou a mão pela testa. Fechou a janela e resolveu ligar para ela, Victor havia lhe passado o número.
* * *
Os devaneios de Marjorie foram interrompidos por um vibre, que em instantes se transformou em uma escandalosa música. Na tela do celular estava escrito "NUMERO DESCONHECIDO". Desligou o aparelho, não estava com ânimo para falar com ninguém aquela hora.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Capitulo Quatro
Ketelyn estava deitada em sua cama de lençóis coloridos, se sentia um pouco fraca e tonta. A mãe tinha saído para ir ao mercado junto com seu pai, e sua irmã mais nova estava na casa de uma amiga. Seu celular tocou, era Alice.
- Oi amor... ã? Você tá ai embaixo ? Tá, já tô descendo.
Colocou uma roupa, amarrou o cabelo e foi lá fora atender a namorada.
- Tá ficando louca de vir aqui ?
- Desculpa, mas viemos te tirar de casa.
- Não posso sair agora !
- Que isso Ketelyn, a gente veio até aqui, na maior força de vontade, não dá pra você pular pra trás agora. - disse Marjorie impaciente. A namorada da amiga lhe deixava com raiva, não gostava nem um pouco dela, se a tolerava era por Alice.
- Está bem, mas para onde vamos ?
- O Victor tá dando uma festa.
- Certo, vou deixar um bilhete falando que fui na casa de uma amiga minha...
Cinco minutos depois ela voltou. Saíram meio que as pressas, como se estivessem raptando Ketelyn de casa, e a qualquer hora fossem ser cercados por viaturas da policia.
- Victor, essa festa tá melhor do que a da semana passada ! - dizia um cara moreno com um baseado nas mãos. As festas na casa do Victor eram todas assim, drogas liberadas, sexo em quase todos os lugares, uma verdadeira bagunça. Pobre da empregada que limpava tudo aquilo depois.
- É, eu também acho... - disse com desdém. Procurava no meio das pessoas que estavam na sala alguém em especial, e esse alguém abriu a porta no mesmo instante. - Carolyn ! Achei que não viria !
- Tivemos que passar na casa da Ket antes. - corou. Será que ele se importava com ela ? Estava mesmo a esperando ? Em sua cabeça já começava a imaginar beijos ardentes, pedidos de namoro e essas coisas.
- Venha, vamos pegar algo para beber. - pegou-a pelo braço, e nem deu atenção para as outras três. Melhor, nenhuma delas tinha muita simpatia por ele. Frequentavam suas festas pois eram divertidas, não pela sua companhia.
- Eu vou circular ver quem encontro por ai... - Disse Marjorie deixando as duas.
A cabeça de Ketelyn rodava, o som estava muito alto, eram muitas pessoas falando. Sentia que iria desmaiar, mas respirou fundo e tentou se controlar.
- Vamos beber alguma coisa. - disse Alice a segurando pela mão e atravessando a multidão de pessoas bêbadas.
Marjorie observava a festa sentada na escada, estava bebendo um copo de vodka, quando alguém sentou ao seu lado. Não fez sequer questão de olhar quem era, preferia ignorar e ver se iria embora de uma vez, mas pelo contrário, o garoto começou a falar timidamente.
- Ah... o-oi...
- E ai.
- Você é a Marjorie, né ?
- Sou.
- Eu sou Renato. Te vejo sempre na escola.
- Aham...
- É...
Ele parou de falar, provavelmente havia entendido que ela não queria papo, só queria ficar ali, bebendo e quando estivesse bêbada quem sabe não se alegrasse. Cinco minutos depois ele volta a falar.
- Você é amiga do Victor ?
- Digamos que converso com ele as vezes.
- Ah, eu acho ele bacana.
- Então vá encher o saco dele. - levantou-se. Tinha sido hostil, sabia disso, mas pouco importava. Saiu pela sala, procurando um outro canto para ficar. O que encontrou foi um cara vomitando num vaso, e algumas meninas se beijando perto da cozinha, nesse instante lembrou de Carolyn, e pensou no erro que provavelmente ela iria cometer.
Ketelyn estava bebendo vodka pura, brincando de virar copos com alguns desconhecidos e Alice. De repente sentiu a cabeça pesar demais, a mente foi ficando lenta e a única coisa que ouviu foi a voz da namorada perguntando se estava tudo bem com ela.
Houve um alvoroço, mas poucas pessoas o notaram.
- Marjorie ! A Ket desmaiou ! - Alice parecia desesperada, gesticulava demais, estava branca e suava frio.
- Vamos tira-la daqui...
Enquanto as duas tentavam erguer a desmaiada (que parecia estar muito mais pesada do que o normal) Renato apareceu novamente e ofereceu ajuda. Pegou a menina no colo e saiu para o quintal da casa.
- Não dá pra levar ela pro hospital, somos menores de idade. - Alertou Marjorie.
- Vamos leva-la pra casa então - Opinou Renato
- Nesse estado ?
Alice não dizia nada, estava tremendo, e a camiseta estava ficando encharcada de tanto suor. Ket lentamente abriu os olhos, estava deitada no chão com a cabeça apoiada no colo de Alice. Virou para o lado e vomitou na bota de coro de Marjorie. Depois continuou vomitando nela mesma.
Marjorie estava completamente irritada, entrou na casa de Victor e foi até o banheiro limpar a bota, queria muito ter dado um chute na boca de Ket.
Saindo do banheiro, com o sapato molhado, porém limpo, viu pela janela Carolyn chorando no quintal sozinha. Foi até lá pensando em que tipo de besteira ela havia feito.
- O que foi ?
- E-eu... E-eu... - e desabou no choro. Marjorie a abraçou e viu varias marcas vermelhas em seu pescoço.
- Você transou com ele né ? - Com um movimento da cabeça ela consentiu.
- E ai ele foi embora, e me deixou no quarto, quando desci ele me tratou como um lixo... - e chorava mais ainda ao ter que repetir os momentos horríveis que passará, toda aquela humilhação.
- Vem, vamos embora daqui.
Ketelyn já havia parado de vomitar, mas ainda parecia muito mal, resolveram chamar a ambulância de uma vez. Marjorie ainda fez questão de chamar a policia e contar sobre as drogas que estavam rolando na casa, fizera isso como que para se vingar pela amiga.
- Vocês podem ir embora, eu fico aqui com ela...
- Tem certeza Lice ?
- Tenho, não quero que de rolo pra vocês.
Saíram de lá, e foram caminhando cansados pela rua escura. Renato assobiava uma canção qualquer que deixava aquela noite um pouco mais agradável.
- Oi amor... ã? Você tá ai embaixo ? Tá, já tô descendo.
Colocou uma roupa, amarrou o cabelo e foi lá fora atender a namorada.
- Tá ficando louca de vir aqui ?
- Desculpa, mas viemos te tirar de casa.
- Não posso sair agora !
- Que isso Ketelyn, a gente veio até aqui, na maior força de vontade, não dá pra você pular pra trás agora. - disse Marjorie impaciente. A namorada da amiga lhe deixava com raiva, não gostava nem um pouco dela, se a tolerava era por Alice.
- Está bem, mas para onde vamos ?
- O Victor tá dando uma festa.
- Certo, vou deixar um bilhete falando que fui na casa de uma amiga minha...
Cinco minutos depois ela voltou. Saíram meio que as pressas, como se estivessem raptando Ketelyn de casa, e a qualquer hora fossem ser cercados por viaturas da policia.
- Victor, essa festa tá melhor do que a da semana passada ! - dizia um cara moreno com um baseado nas mãos. As festas na casa do Victor eram todas assim, drogas liberadas, sexo em quase todos os lugares, uma verdadeira bagunça. Pobre da empregada que limpava tudo aquilo depois.
- É, eu também acho... - disse com desdém. Procurava no meio das pessoas que estavam na sala alguém em especial, e esse alguém abriu a porta no mesmo instante. - Carolyn ! Achei que não viria !
- Tivemos que passar na casa da Ket antes. - corou. Será que ele se importava com ela ? Estava mesmo a esperando ? Em sua cabeça já começava a imaginar beijos ardentes, pedidos de namoro e essas coisas.
- Venha, vamos pegar algo para beber. - pegou-a pelo braço, e nem deu atenção para as outras três. Melhor, nenhuma delas tinha muita simpatia por ele. Frequentavam suas festas pois eram divertidas, não pela sua companhia.
- Eu vou circular ver quem encontro por ai... - Disse Marjorie deixando as duas.
A cabeça de Ketelyn rodava, o som estava muito alto, eram muitas pessoas falando. Sentia que iria desmaiar, mas respirou fundo e tentou se controlar.
- Vamos beber alguma coisa. - disse Alice a segurando pela mão e atravessando a multidão de pessoas bêbadas.
Marjorie observava a festa sentada na escada, estava bebendo um copo de vodka, quando alguém sentou ao seu lado. Não fez sequer questão de olhar quem era, preferia ignorar e ver se iria embora de uma vez, mas pelo contrário, o garoto começou a falar timidamente.
- Ah... o-oi...
- E ai.
- Você é a Marjorie, né ?
- Sou.
- Eu sou Renato. Te vejo sempre na escola.
- Aham...
- É...
Ele parou de falar, provavelmente havia entendido que ela não queria papo, só queria ficar ali, bebendo e quando estivesse bêbada quem sabe não se alegrasse. Cinco minutos depois ele volta a falar.
- Você é amiga do Victor ?
- Digamos que converso com ele as vezes.
- Ah, eu acho ele bacana.
- Então vá encher o saco dele. - levantou-se. Tinha sido hostil, sabia disso, mas pouco importava. Saiu pela sala, procurando um outro canto para ficar. O que encontrou foi um cara vomitando num vaso, e algumas meninas se beijando perto da cozinha, nesse instante lembrou de Carolyn, e pensou no erro que provavelmente ela iria cometer.
Ketelyn estava bebendo vodka pura, brincando de virar copos com alguns desconhecidos e Alice. De repente sentiu a cabeça pesar demais, a mente foi ficando lenta e a única coisa que ouviu foi a voz da namorada perguntando se estava tudo bem com ela.
Houve um alvoroço, mas poucas pessoas o notaram.
- Marjorie ! A Ket desmaiou ! - Alice parecia desesperada, gesticulava demais, estava branca e suava frio.
- Vamos tira-la daqui...
Enquanto as duas tentavam erguer a desmaiada (que parecia estar muito mais pesada do que o normal) Renato apareceu novamente e ofereceu ajuda. Pegou a menina no colo e saiu para o quintal da casa.
- Não dá pra levar ela pro hospital, somos menores de idade. - Alertou Marjorie.
- Vamos leva-la pra casa então - Opinou Renato
- Nesse estado ?
Alice não dizia nada, estava tremendo, e a camiseta estava ficando encharcada de tanto suor. Ket lentamente abriu os olhos, estava deitada no chão com a cabeça apoiada no colo de Alice. Virou para o lado e vomitou na bota de coro de Marjorie. Depois continuou vomitando nela mesma.
Marjorie estava completamente irritada, entrou na casa de Victor e foi até o banheiro limpar a bota, queria muito ter dado um chute na boca de Ket.
Saindo do banheiro, com o sapato molhado, porém limpo, viu pela janela Carolyn chorando no quintal sozinha. Foi até lá pensando em que tipo de besteira ela havia feito.
- O que foi ?
- E-eu... E-eu... - e desabou no choro. Marjorie a abraçou e viu varias marcas vermelhas em seu pescoço.
- Você transou com ele né ? - Com um movimento da cabeça ela consentiu.
- E ai ele foi embora, e me deixou no quarto, quando desci ele me tratou como um lixo... - e chorava mais ainda ao ter que repetir os momentos horríveis que passará, toda aquela humilhação.
- Vem, vamos embora daqui.
Ketelyn já havia parado de vomitar, mas ainda parecia muito mal, resolveram chamar a ambulância de uma vez. Marjorie ainda fez questão de chamar a policia e contar sobre as drogas que estavam rolando na casa, fizera isso como que para se vingar pela amiga.
- Vocês podem ir embora, eu fico aqui com ela...
- Tem certeza Lice ?
- Tenho, não quero que de rolo pra vocês.
Saíram de lá, e foram caminhando cansados pela rua escura. Renato assobiava uma canção qualquer que deixava aquela noite um pouco mais agradável.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Capitulo Três
- Marjorie ! - gritou sua mãe da porta do quarto.
- Que ?
- Eu vou sair com um amigo e provavelmente não vou dormir em casa.
- Tem alguma coisa pra comer ?
- Vou deixar um dinheiro, você compra alguma coisa, sei lá.
A mãe de Marjorie parecia uma adolescente. Tinha se casado muito nova, então não aproveitou sua juventude. Depois que se separou do marido resolveu viver tudo de uma vez. Muitas vezes Marjorie sentia que era mais responsável do que a mãe. Ainda mantinha uma relação distante com o pai e preferia assim, não conseguia ama-lo. A relação dos dois era baseada no papel dele de visita-la ou ligar de vez em quando e a obrigação dela de pelo menos fingir que gostava dele.
Já que ia ficar sozinha mesmo ligou o som no máximo, e pegou uma cerveja na geladeira. Claro, sua mãe não era desnaturada a ponto de deixa-la beber e fumar, mas como quase nunca estava em casa, ela fazia essas coisas numa boa.
Da janela da cozinha viu sua mãe entrar em um carro preto... Engraçado, até ontem quem vinha buscar ela era um homem de carro branco. Isso a deprimia.
Colocou um moletom e resolveu ir até a padaria comprar alguma coisa para comer.
Aquela noite estava bem fria e uma chuva rala caia na cidade. Comprou algumas coisas e quando ia voltando para a casa esbarrou em um homem.
- Perdão.
- Tudo bem. - com cara de poucos amigos ele respondeu sem sorrir, muito menos sem olha-la. Mas mesmo assim ela o achou encantador.
No outro dia na escola estava conversando com Carolyn no corredor, quando a amiga se alarmou e fez sinal para que ela olhasse o garoto que vinha se aproximando.
- Você tá brincando que acha o Victor bonito ?
- Bonito ? Ele é incrivel.
- Credo ...
De longe podia-se sentir o perfume de Victor, era algo másculo, ao mesmo tempo tinha um suave adocicado. Para Marjorie aquele perfume era o cúmulo do enjoativo.
- Bom dia moças !
- Bom dia ! - respondeu Carolyn com um sorriso patético.
- E ai Victor.
- O que vocês vão fazer hoje ? - nem esperou que elas respondesse e já foi logo convidando - Vou dar uma festa em casa, estão afim de ir ? - e soltou um olhar sem vergonha para Carolyn, que logo agarrou o braço da amiga e aceitou desesperadamente o convite.
- Claro que vamos !
- Vamos ?
- Sim, Marjorie.
- Ótimo, vejo vocês lá.
Carolyn ainda o seguiu com o olhar até onde pode alcançar. A amiga lhe olhava com cara de desaprovação.
- Você não deveria dar mole pra ele...
- E porque não ?
- Ele é nojento...
- Tipo como ?
A conversa foi interrompida por Alice que chegou completamente nervosa, como sempre.
- O que foi Alice ? - perguntou Carolyn
- Ketelyn a mãe dela não quer deixar ela sair comigo hoje.
- Nossa, que droga.
- É, eu to pensando em ir na casa dela "resgata-la" quem topa ?
- Por mim tudo bem. Uma oito horas a gente se encontra, antes de ir pra festa do Victor. - concordou Marjorie, não era a maior fã da Ketelyn, mas Alice era uma grande amiga sua.
- Vocês vão a festa dele ?
- Ele acabou de nos convidar, e é um gato !
- Credo. hahahahaha. Eu até vou na festa dele porque sempre tem muita bebida, mas na moral ? Não vou muito com a cara dele não.
- Ninguém vai, só a Carolyn que é besta.
Então estava marcado, as oito horas iriam até a casa de Ketelyn e a tiraram de casa...
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Capitulo Dois
- Alice acorda ! - gritou dona Joana da porta do quarto da neta
- Ah, me deixa em paz.
- Você não vai pra escola de novo menina ?
- Não tô afim... - virou para o lado e nem teve tempo de fechar os olhos antes de ter as cobertas arrancadas. - Porra ! Me deixa em paz !
- Você não vai faltar de novo, vamos, levanta logo !
Alice levantou, o sono já havia sumido, mas estava irritada, muito aliás. Vestiu uma camiseta que estava jogada perto da cama, colocou as calças as meias brancas, calçou os tênis surrado e sequer arrumou o cabelo. Foi para a cozinha tomou um copo de leite e comeu um pão fresco. Dona Joana sempre buscava pão na padaria da esquina, "quatro pãezinhos bem branquinhos" - pedia sempre a atendente. Jojô, como o falecido marido a chamava, era uma mulher doce, porém as rugas e a amargura tomaram conta dela depois da morte de seu Eugênio, que alias era um homem muito bom, deu o melhor que pode para a mulher e a filha, trabalho duro, derramou muito suor, sempre levou uma vida saudável caminhava todos os finais de tarde, e morreu coitado atropelado por um carro enquanto corria na avenida.
Enquanto comia o pão começou a tossir.
- Está doente ?
- Não, estou bem. - realmente não estava gripada, nem resfriada, a tosse que não parava era decorrente dos dois maços de cigarro diários que ela estava fumando. Fumava desde os onze anos de idade, começou por mera brincadeira. Uma vez mexia na bolsa da mãe que estava jogada em cima da cama, encontrou uma carteira de cigarros, não sabia nem como acende-lo, mas o acendeu como que por instinto, o gosto que lhe veio a boca parecia um daqueles remédios ruins que vovó lhe dava quando estava resfriada. Mamãe nunca lhe deu nada, nem carinho, nem atenção, muito menos remédios. Sequer sabia quando ela estava doente. Depois daquela vez que fumou, sem tragar, outras vezes repetiu isso. Foi pegando gosto pela coisa. Aqueles momentos em que colocava o cigarro na boca era como se sentir parte da vida da mãe, se sentia perto dela. Foi aprender a fumar com treze anos, quando uma garota do colegial a vendo apenas soltar fumaça a ensinou o que realmente deveria fazer. Depois disso nunca mais parou de fumar. Sua avó não sabia desse vicio que ela escondia, até porque para a vó já era demais saber a opção sexual da neta.
Amava a vó, era a única que tinha, além de Ketelyn.
Ketelyn era sua namorada, estavam juntas há quase dois anos. O começo foi muito conturbado, principalmente quando dona Joana descobriu. As duas estavam trocando caricias no quarto quando a vó de Alice entrou sem aviso prévio. Imaginem uma senhora de sessenta anos, totalmente tradicional e reservada ver uma cena destas... Proibiu, sem sucesso, a neta de ver a garota. Mas com o tempo, a poeira foi abaixando e ninguém tocou no assunto. Jojô via os presentes, as fotos e tudo mais, mas agia como se as duas fossem apenas amigas.
Alice pegou a mochila se despediu da avó e saiu. Na esquina de casa acendeu um cigarro.
- Até mais tarde pai. - disse Victor descendo do carro. Ia caminhando pelo pátio quando esbarrou em uma garota de cabelos vermelhos todo bagunçado. - Me desculpe.
- Relaxa, não foi nada.
Era uma garota bonita, apenas muito desleixada, não gostava de garotas assim. Perto do seu bebedouro encontrou com Renato.
Renato era um cara magrelo, sem grandes atrativos, covarde, tímido, e por ser assim sofria varias chateações dos colegas. Victor não zombava dele, mas tirava vantagem da situação sempre que precisava tirar nota em algum trabalho, não que Renato fosse genial, mas era bom ter alguém para fazer os trabalhos por ele.
- Renato, e ai cara ?
- Ah, oi.
- Você fez aquele trabalho que te pedi ?
- Sim, está aqui.
- Valeu.
Victor pegou o trabalho e já ia saindo quando foi chamado de volta.
- Viu, sabe aquela garota que você estava conversando ontem na educação física ?
- Sim, o que tem ?
- Ela tem namorado ?
- Tá querendo sair com ela ? Ah, moleque, sabia que você não era tão zé ruela assim, vou te passar o telefone dela, manda umas mensagens, troca uma ideia, essas coisas.
Renato anotou o telefone num canto de uma folha no caderno. Estava confuso, já tinha saído com algumas garotas, mas aquela parecia ser diferente. Com certeza era bem mais experiente do que ele. Será que seria uma boa ideia arriscar ?
Foi para casa chutando as pedras que encontrava no caminho.
- Ah, me deixa em paz.
- Você não vai pra escola de novo menina ?
- Não tô afim... - virou para o lado e nem teve tempo de fechar os olhos antes de ter as cobertas arrancadas. - Porra ! Me deixa em paz !
- Você não vai faltar de novo, vamos, levanta logo !
Alice levantou, o sono já havia sumido, mas estava irritada, muito aliás. Vestiu uma camiseta que estava jogada perto da cama, colocou as calças as meias brancas, calçou os tênis surrado e sequer arrumou o cabelo. Foi para a cozinha tomou um copo de leite e comeu um pão fresco. Dona Joana sempre buscava pão na padaria da esquina, "quatro pãezinhos bem branquinhos" - pedia sempre a atendente. Jojô, como o falecido marido a chamava, era uma mulher doce, porém as rugas e a amargura tomaram conta dela depois da morte de seu Eugênio, que alias era um homem muito bom, deu o melhor que pode para a mulher e a filha, trabalho duro, derramou muito suor, sempre levou uma vida saudável caminhava todos os finais de tarde, e morreu coitado atropelado por um carro enquanto corria na avenida.
Enquanto comia o pão começou a tossir.
- Está doente ?
- Não, estou bem. - realmente não estava gripada, nem resfriada, a tosse que não parava era decorrente dos dois maços de cigarro diários que ela estava fumando. Fumava desde os onze anos de idade, começou por mera brincadeira. Uma vez mexia na bolsa da mãe que estava jogada em cima da cama, encontrou uma carteira de cigarros, não sabia nem como acende-lo, mas o acendeu como que por instinto, o gosto que lhe veio a boca parecia um daqueles remédios ruins que vovó lhe dava quando estava resfriada. Mamãe nunca lhe deu nada, nem carinho, nem atenção, muito menos remédios. Sequer sabia quando ela estava doente. Depois daquela vez que fumou, sem tragar, outras vezes repetiu isso. Foi pegando gosto pela coisa. Aqueles momentos em que colocava o cigarro na boca era como se sentir parte da vida da mãe, se sentia perto dela. Foi aprender a fumar com treze anos, quando uma garota do colegial a vendo apenas soltar fumaça a ensinou o que realmente deveria fazer. Depois disso nunca mais parou de fumar. Sua avó não sabia desse vicio que ela escondia, até porque para a vó já era demais saber a opção sexual da neta.
Amava a vó, era a única que tinha, além de Ketelyn.
Ketelyn era sua namorada, estavam juntas há quase dois anos. O começo foi muito conturbado, principalmente quando dona Joana descobriu. As duas estavam trocando caricias no quarto quando a vó de Alice entrou sem aviso prévio. Imaginem uma senhora de sessenta anos, totalmente tradicional e reservada ver uma cena destas... Proibiu, sem sucesso, a neta de ver a garota. Mas com o tempo, a poeira foi abaixando e ninguém tocou no assunto. Jojô via os presentes, as fotos e tudo mais, mas agia como se as duas fossem apenas amigas.
Alice pegou a mochila se despediu da avó e saiu. Na esquina de casa acendeu um cigarro.
- Até mais tarde pai. - disse Victor descendo do carro. Ia caminhando pelo pátio quando esbarrou em uma garota de cabelos vermelhos todo bagunçado. - Me desculpe.
- Relaxa, não foi nada.
Era uma garota bonita, apenas muito desleixada, não gostava de garotas assim. Perto do seu bebedouro encontrou com Renato.
Renato era um cara magrelo, sem grandes atrativos, covarde, tímido, e por ser assim sofria varias chateações dos colegas. Victor não zombava dele, mas tirava vantagem da situação sempre que precisava tirar nota em algum trabalho, não que Renato fosse genial, mas era bom ter alguém para fazer os trabalhos por ele.
- Renato, e ai cara ?
- Ah, oi.
- Você fez aquele trabalho que te pedi ?
- Sim, está aqui.
- Valeu.
Victor pegou o trabalho e já ia saindo quando foi chamado de volta.
- Viu, sabe aquela garota que você estava conversando ontem na educação física ?
- Sim, o que tem ?
- Ela tem namorado ?
- Tá querendo sair com ela ? Ah, moleque, sabia que você não era tão zé ruela assim, vou te passar o telefone dela, manda umas mensagens, troca uma ideia, essas coisas.
Renato anotou o telefone num canto de uma folha no caderno. Estava confuso, já tinha saído com algumas garotas, mas aquela parecia ser diferente. Com certeza era bem mais experiente do que ele. Será que seria uma boa ideia arriscar ?
Foi para casa chutando as pedras que encontrava no caminho.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Capitulo Um
- Ele te mandou um beijo.
- Mande-o se fuder.
- AHAHAHHA, desistiu ?
- Apenas cresci.
Talvez essa não seja a melhor forma de começar uma história, a não ser é claro que ela seja baseada em fatos reais. A vida, não é tão bonita assim, então para que usar meias palavras quando podemos rasgar o verbo de uma vez ?
Se a vida fosse um conto de fadas, juro que teria começado esta história com "era uma vez uma princesa muito bela que vivia em um castelo encantado...", agora substitua a princesa por uma garota de 15 anos, com um coração de 60, com o cabelo estranho e a maquiagem borrada, o castelo você substitui por um apartamento apertado, e todo o encanto você substitui pela dureza do dia a dia.
Enfim, no quarto de Marjorie, uma bagunça infinita, parecia que não importava o quanto ela arrumasse, tudo voltava a se bagunçar. "Porque será ? " - ela se perguntava.
Talvez sua mãe tivesse razão e o quarto dela fosse o reflexo de sua alma, seu estado de espirito. Poxa, como ela estava mal.
- Marjorie talvez ele esteja realmente arrependido.
- Torço para que sim, mas não quero mais nada com ele.
Carolyn era diferente de Marjorie.
Era do tipo de garota que acredita nas pessoas, e que leva a vida numa boa. Sabe ? Sem se preocupar tanto assim. Chorava, e sofria, as vezes, mas na maioria do tempo encarava a vida na "vibe" mais positiva que pudesse.
Marjorie não, estava triste o tempo todo. Ria, brincava, era engraçada e tudo mais. Mas quando a noite caia a tristeza entrava batendo o pé dentro dela.
- Sabe o que é a melhor parte Carolyn ?
- O que ?
- Não sinto mais falta dele.
- Jura mesmo ?
- Sim. Depois que conheci o George, deixei de me importar com aquele idiota
- Mas o Ge mora muito longe !
- E dai ?
- Você sabe que esse negócio de namorar a distância não dá certo.
- Ele me faz bem, mesmo estando longe. Você não entenderia.
- Não entendo mesmo, ainda mais tu que sempre é tão racional...
- Não sei lidar com sentimentos, você sabe disso.
Enquanto isso do outro lado da cidade Rick estava tocando seu violão quando uma corda estourou.
- MERDA ! - brandou. Rick era do tipo que atrai qualquer garota, não só pela beleza, que de fato nele não faltava, os olhos com um leve tom esverdeado, eram olhos tristes, verdade, sorte dele que eram quase claros, então ninguém notava sua tristeza, a boca era pequena, e vivia fechada, não era do tipo que falava muito, o cabelo despenteado, as calças sempre rasgadas contribuíam para o charme final, na verdade, ele só era desleixado, nada daquilo era por estilo, era apenas fruto de uma depressão que ele não tinha tempo de tratar.
Procurou pela casa inteira uma corda para substituir a estourada, mas tudo que encontrou além da bagunça foi seu pai bêbado na cozinha.
- Pai ? Pai ? Pai levanta porra !
- O que que você quer moleque ?
- Tu ta desmaiado no chão de novo, levanta dai vai.
Levantou e saiu cambaleando pela casa. Sempre bebeu muito, mas desde a morte da mãe de Rick, passará a beber o dobro. Isso arrasava com o garoto, além de perder a mãe ainda tinha que ver o pai se destruir aos poucos. Ficava realmente puto quando um dos seus amigos reclamava que a mãe era um saco, daria tudo para ter a sua de volta, faria qualquer coisa para a ouvir reclamar do seu cabelo ou das roupas que vestia.
"A vida continua" - ele sempre dizia quando alguém o perguntava como aguentava viver desse jeito. É sempre continuava, como se fosse uma ordem, jamais uma escolha.
- Mande-o se fuder.
- AHAHAHHA, desistiu ?
- Apenas cresci.
Talvez essa não seja a melhor forma de começar uma história, a não ser é claro que ela seja baseada em fatos reais. A vida, não é tão bonita assim, então para que usar meias palavras quando podemos rasgar o verbo de uma vez ?
Se a vida fosse um conto de fadas, juro que teria começado esta história com "era uma vez uma princesa muito bela que vivia em um castelo encantado...", agora substitua a princesa por uma garota de 15 anos, com um coração de 60, com o cabelo estranho e a maquiagem borrada, o castelo você substitui por um apartamento apertado, e todo o encanto você substitui pela dureza do dia a dia.
Enfim, no quarto de Marjorie, uma bagunça infinita, parecia que não importava o quanto ela arrumasse, tudo voltava a se bagunçar. "Porque será ? " - ela se perguntava.
Talvez sua mãe tivesse razão e o quarto dela fosse o reflexo de sua alma, seu estado de espirito. Poxa, como ela estava mal.
- Marjorie talvez ele esteja realmente arrependido.
- Torço para que sim, mas não quero mais nada com ele.
Carolyn era diferente de Marjorie.
Era do tipo de garota que acredita nas pessoas, e que leva a vida numa boa. Sabe ? Sem se preocupar tanto assim. Chorava, e sofria, as vezes, mas na maioria do tempo encarava a vida na "vibe" mais positiva que pudesse.
Marjorie não, estava triste o tempo todo. Ria, brincava, era engraçada e tudo mais. Mas quando a noite caia a tristeza entrava batendo o pé dentro dela.
- Sabe o que é a melhor parte Carolyn ?
- O que ?
- Não sinto mais falta dele.
- Jura mesmo ?
- Sim. Depois que conheci o George, deixei de me importar com aquele idiota
- Mas o Ge mora muito longe !
- E dai ?
- Você sabe que esse negócio de namorar a distância não dá certo.
- Ele me faz bem, mesmo estando longe. Você não entenderia.
- Não entendo mesmo, ainda mais tu que sempre é tão racional...
- Não sei lidar com sentimentos, você sabe disso.
Enquanto isso do outro lado da cidade Rick estava tocando seu violão quando uma corda estourou.
- MERDA ! - brandou. Rick era do tipo que atrai qualquer garota, não só pela beleza, que de fato nele não faltava, os olhos com um leve tom esverdeado, eram olhos tristes, verdade, sorte dele que eram quase claros, então ninguém notava sua tristeza, a boca era pequena, e vivia fechada, não era do tipo que falava muito, o cabelo despenteado, as calças sempre rasgadas contribuíam para o charme final, na verdade, ele só era desleixado, nada daquilo era por estilo, era apenas fruto de uma depressão que ele não tinha tempo de tratar.
Procurou pela casa inteira uma corda para substituir a estourada, mas tudo que encontrou além da bagunça foi seu pai bêbado na cozinha.
- Pai ? Pai ? Pai levanta porra !
- O que que você quer moleque ?
- Tu ta desmaiado no chão de novo, levanta dai vai.
Levantou e saiu cambaleando pela casa. Sempre bebeu muito, mas desde a morte da mãe de Rick, passará a beber o dobro. Isso arrasava com o garoto, além de perder a mãe ainda tinha que ver o pai se destruir aos poucos. Ficava realmente puto quando um dos seus amigos reclamava que a mãe era um saco, daria tudo para ter a sua de volta, faria qualquer coisa para a ouvir reclamar do seu cabelo ou das roupas que vestia.
"A vida continua" - ele sempre dizia quando alguém o perguntava como aguentava viver desse jeito. É sempre continuava, como se fosse uma ordem, jamais uma escolha.
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